| Foto:
CARREGANDO :)

Depois de 3 meses de “castigo” para recuperação de uma cirurgia de hérnia inguinal, tive alta médica para voltar a pedalar no último dia 10.

Nessa semana, ainda vivendo aquela fase de “tirar o atraso”, atingi a marca simbólica dos 10 mil quilômetros pedalados desde junho de 2010, quando passei a fazer da bicicleta o meu meio de transporte.

Publicidade

Na prática, já pedalei bem mais do que isso durante toda a vida. Essa é apenas a contagem do odômetro da Manguarirê.

Em linha reta, 10 mil quilômetros equivalem a distância que separa Curitiba de Frankfurt, na Alemanha. E, na prática, as pedaladas me levaram a cruzar diversas fronteiras. A mais simbólica delas é a do individualismo, prepresentada por uma bolha de metal de uma tonelada, que nos mantém isolados da vida que pulsa nas ruas da nossa cidade.

Sempre que atinjo uma marca “redonda” como essa, gosto de fazer algumas reflexões sobre o que representa pedalar no dia a dia. Mais do que o acúmulo de quilomentragem, a bicicleta proporciona um acúmulo de experiências, de amigos e de saúde.

Alguns desses aspectos não podem ser explicados — apenas são sentidos pela própria experiência; quem pedala, sabe do que estou falando. Outros aspectos, podem ser quantificados.

Publicidade

Pedalar 10.000 quilômetros, por exemplo. significa:

– Uma economia de mais de 1.052 litros de gasolina ou R$ 3 mil em gastos com combustível*;

– Evitar a emissão de 2,75 toneladas de CO2 na atmosfera. Para neutralizar essas emissões, seria preciso plantar 14 árvores.

– No mercado internacional de crédito de carbono, o uso da bike me daria um bônus de R$ 55 (20 euros) com a venda desses créditos;

– Substituir o ônibus pela bicicleta já gerou uma economia de R$ 3,3 mil com vale-transporte considerando apenas os deslocamentos casa-trabalho-casa em dias úteis;

Publicidade

– O uso da bicicleta adicionou 20 minutos úteis ao meu dia. Gasto 40 minutos ida e volta de bicicleta contra 1 hora de ônibus. Isso significa que “ganhei” 9 dias de vida, tempo que deixei de passar dentro de um ônibus lotado ou no trânsito congestionado**;

– Mas vale um aviso: não pense que pedalando você só tem a ganhar. Você também perde bastante. No meu caso, cheguei a perder mais de 10 quilos!;

*Obs: o cálculo de economia não abrange os gastos indiretos com prestação, juros do financiamento, estacionamento, seguro, IPVA, mecânico, etc…

**Obs: O cálculo de ganhos não abrange os benefícios indiretos com condicionamento físico, saúde, endorfina, sorrisos e o prazer do vento batendo no rosto.

Nesses 10 mil quilômetros, também fiz grandes descobertas e conheci novos lugares. Lugares que, sobre duas rodas, puderam ser vividos de forma mais intensa e marcante como a Rodovia Transpantaneira (Mato Grosso), Circuito Vale Europeu (Santa Catarina), Guaraqueçaba-Superagui (Paraná), Berlim (Alemanha), Salt Lake City (EUA), Deserto do Atacama (Chile) e Colônia de Sacramento (Uruguai).

Publicidade

Na bicicleta, também fiz novos amigos. Pessoas extraordinárias que acreditam em um mundo melhor e fazem da bicicleta uma bandeira política para promoção da cidadania.

Mas, apesar de tudo isso, quando me perguntam por que pedalo, respondo simplesmente: “porque gosto”. Tenho plena consciência de que andar de bicicleta não me faz ser alguém melhor do que ninguém.
Mas me faz sentir melhor comigo mesmo e isso justifica tudo. E que venham os próximos 10 mil quilômetros…