![A fantástica Rodovia dos Elefantes A fantástica Rodovia dos Elefantes](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2013/04/placa100457-709f9ce2.jpg)
![Alexandre Costa Nascimento/Ir e Vir de Bike](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2013/04/placa100457-624x413-709f9ce2.jpg)
Placa alerta para a presença de elefantes nas estradas de Botsuana
A jornada ciclística pelo continente africano cruzou a fronteira de Botsuana dando início à penúltima etapa do Tour d´Afrique na famosa Elephant Highway (Rodovia dos Elefantes), cujo nome, por óbvio, é autoexplicativo.
Do ponto de quem pedala, atravessar longas estradas completamente retas e planas que parecem não ter fim não é das coisas mais emocionantes do mundo. Mas a situação muda drasticamente de figura e se torna uma experiência marcante quando, de repente, você é obrigado a parar sua bicicleta para ceder passagem para manadas de elefantes que atravessam a pista.
A rota rumo ao Sudoeste africano atravessa parques nacionais de Botsuana que, além dos gigantes paquidermes, também abrigam girafas, rinocerontes e outros animais selvagens que podem ser avistados ao longo da estrada.
Mas o safari sobre duas rodas também tem seus riscos. Para proteger os ciclistas– ou ao menos tentar passar um pouco a sensação de segurança – a organização do TDA contratou um especialista em comportamento de elefantes, que percorre a estrada em um jipe durante todo o dia para avaliar a situação.
![Alexandre Costa Nascimento/Ir e Vir de Bike](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2013/04/crossing-624x416-709f9ce2.jpg)
Respeite o pedestre (e o elefante)
Darriel, conhecido por aqui como “The Elephant Guy” (O Cara dos Elefantes), é capaz de avaliar através dos sons, posição das orelhas e outros sinais se um elefante é apenas uma atração ou um risco em potencial. Segundo ele, os animais estão plenamente acostumados a conviver com carros e caminhões, mas é impossível prever a reação dos grandalhões diante de alguém sobre uma bicicleta.
Para evitar riscos, Darriel nos passou instruções óbvias como manter distância segura dos animais, não gritar ou tacar objetos e manter a calma (como se isso fosse fácil!) e pedalar, pedalar muito na direção contrária caso algum elefante corra em nossa direção.
Mas a convivência com a vida selvagem não se restringe apenas aos momentos em que estamos pedalando. Há poucos dias, em um dos acampamentos na beira da estrada (bush camp), recebemos o alerta da organização de não nos afastarmos do perímetro do acampamento durante a noite para “usar os arbustos” em momentos de necessidade pois a área é reserva natural e habitat de elefantes, leões e aranhas.
Bons ventos
Diferentemente dos outros países nos quais pedalamos até agora, em Botsuana quase não há cidades ou vilas ao longo da rodovia, o que torna a pedalada uma aventura solitária que nos coloca em contato com a natureza local.
Enfrentando dias largos nas últimas etapas, com quilometragem acima dos 150 quilômetros por dia em uma topografia totalmente plana (flat), o vento se torna fator fundamental para o desempenho da pedalada.
Quando o vento sopra a favor (tail wind), é possível pedalar 184 quilômetros em um dia (a etapa mais larga até agora), praticamente com o “pé nas costas” e uma média horária acima dos 30 km/h.
Por outro lado, quando o vento sopra forte na direção contrária (head wind) é difícil pedalar acima dos 20 km/h, mesmo colocando toda a energia nos pedais. Assim, chegar ao acampamento pedalando após oito horas sobre a bicicleta acaba sendo uma tarefa desgastante.
Nos próximos dias, para cruzarmos a fronteira entre Botsuana e Namíbia, enfrentaremos a temida etapa de 208 quilômetros em um único dia– a mais longa de todo o Tour d´Afrique, superando a marca de 185 km pedalados na última semana.
Para muitos dos participantes – inclusive para mim –, será um novo recorde de distância pedalada em um único dia. Que os bons ventos nos ajudem a superar mais esse desafio.
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