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Dois amigos que saíram pedalando de Buenos Aires há cerca de 50 dias devem chegar ao Rio de Janeiro na próxima sexta-feira (28), a tempo de participarem da última Massa Crítica carioca de 2012. Ao chegarem à capital fluminense, a viagem de 3 mil quilômetros terá percorrido 50 cidades entre a Argentina, Uruguai e o Brasil.

A chamada “Grande Viagem Sustentável” é parte do projeto Biciactivistas, encabeçado pelo arquiteto argentino Julian Grobe e pelo urbanista francês Nico Dubois, que juntos buscam promover o uso da bicicleta como meio de transporte sustentável.

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Se você acompanha conteúdos relacionados ao tema da bicicleta pela internet, certamente já viu a foto do “Cristo Cicloativista”, que se transformou em um viral e rodou o mundo nas redes sociais. A foto-montagem foi um trabalho de divulgação dessa aventura.

Em cada cidade, eles buscam conhecer a realidade da ciclomibilidade, entrevistam usuários da bicicleta, cicloativistas e representantes de ONGs e governos locais. “A ideia é conhecer as melhores experiências e iniciativas e compartilhá-las para divulgá-las e replicá-las onde for possível, ajudando a promover o uso consciente da bicicleta”, explica Nico.

Na passagem por Curitiba, os dois aventureiros “buena onda” aproveitaram para pedalar pela cidade que conheciam apenas pela fama urbanística internacional. Aqui, eles conheceram as iniciativas da CicloIguaçu, da Bicicletaria Cultural, o Voto Livre, o projeto CicloVida da UFPR, a Bicicletaria.net, o cantor Plá, o blog Ir e Vir de Bike e ouviram relatos da maior bicicletada da história do Brasil, realizada no dia 22 de setembro.

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Além das iniciativas da sociedade civil, eles destacaram como pontos positivos as campanhas educativas de trânsito na frota dos ônibus da cidade – em especial, as que promovem o respeito aos ciclistas – e o mapa da rede cicloviária nos totens de sinalização das ciclovias da cidade.

Já como pontos negativos, os ciclistas apontam a falta de cordialidade dos motoristas curitibanos. “Dá para sentir a agressividade na forma como dirigem, principalmente os taxistas e os motoristas do transporte público. É um trânsito muito complicado para quem pedala” avalia Julian.

Outra destaque negativo, na visão dos biciactivistas, são as “ciclovias compartilhadas”. “Não é nem uma calçada segura para o pedestre, nem uma via para quem pedala. Confesso que nunca vi isso em lugar nenhum do mundo”, critica o francês.

Incentivo

Apesar de tudo, eles destacam o Brasil como um modelo a ser seguido pela maioria dos países da América Latina. Se não pelo grau de evolução da infraestrutura, ao menos pela capacidade de mobilização dos cicloativistas.

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Em outros pontos, porém, o país fica para trás. Na conversa sobre as políticas de incentivo – ou mais precisamente, sobre a falta delas – os biciactivistas contaram um pouco sobre a exitosa iniciativa do governo de Buenos Aires, através do programa Mejor em Bici, que além da implantação de ciclovias (ciclosendas, no espanhol), também ataca em outras frentes.

Julian conta que o governo reduziu a carga tributária sobre as bicicletas e abriu uma linha de crédito especial para financiar a compra de bicis para a população de baixa renda. Como o equivalente a R$ 100 é possível comprar uma bicicleta, com financiamento sem juros e prazo de até dois anos para pagar anos – o que significa parcelas mensais de menos de R$ 5.

“Em Buenos Aires, o transporte público tem forte subsídio, então, o preço da bicicleta não pode competir com o ônibus ou o metrô. O financiamento sem juros tem ajudado muito a popularizar o uso das bicicletas na cidade. Muita gente, em especial a população mais pobre, que não tinha acesso agora tem”, conta Julian.

Ao saberem que, no Brasil, a política governamental estimula o endividamento e a compra de veículos particulares motorizados, ambos fazem o mesmo diagnóstico: “É uma política que vai na contramão do que realmente é preciso”.

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Veja abaixo a entrevista dos biciactivistas ao blog Ir e Vir de Bike:

A desconsiderar: em alguns trechos, o microfone captou o barulho do vento. Vez ou outra, a mão do repórter-cinegrafista aparece para tentar proteger a câmera de alguns pingos d´água. A entrevista foi repentinamente interrompida por uma tempestade!