Mais de 2 mil ciclistas tomaram as ruas de Curitiba no Dia Mundial Sem Carro
Novamente, me sinto obrigado a abrir um texto do blog com o seguinte aviso: “Às favas, senhores leitores, neste momento, toda a minha imparcialidade jornalística”. Que fique bem claro: quem escreve aqui é o ciclista e cicloativista, que, mais uma vez, está com o coração emocionado e com a nítida sensação de ter feito parte de algo grandioso e histórico.
Junto com a primavera, Curitiba viu florescer a esperança de um futuro melhor. No último sábado (22), Dia Mundial Sem Carro, as ruas da capital paranaense foram tomadas por uma multidão de ciclistas que manifestaram o desejo de uma cidade melhor, mais segura e mais humana. E Curitiba parou para ver a Bicicletada passar, cantando coisas de mais amor, menos motor; mais paciência, menos violência; e, menos carros, mais bicicletas.
A Marcha das 2012 Bicicletas consagrou-se como a maior manifestação sobre duas rodas já registrada na história do país. Pela distribuição de cartões numerados no início da marcha, foi possível certificar que a Bicicletada ultrapassou com folga a meta de 2012 participantes, superando a marca de 2 mil ciclistas da Massa Crítica de Porto Alegre, durante o Fórum Mundial da Bicicleta, em fevereiro deste ano.
Mas, muito mais do que um recorde numérico, a marcha tem um significado ainda maior. Em uma sociedade onde impera o comodismo e o individualismo, é entusiasmante ver cidadãos unidos por uma causa coletiva que, em suma, busca a reconquista do espaço urbano para as pessoas.
Na concentração, a Praça Santos Andrade ficou completamente tomada por mulheres, homens idosos, crianças e, claro, bicicletas. Muitas bicicletas. É difícil encontrar palavras para descrever a sensação de fazer parte dessa Massa Crítica, que também contou com participação de outros grupos que apóiam o transporte não motorizado, como skatistas, patinadores, cadeirantes e pedestres.
A bicicletada é de todos: basta ter o desejo de uma cidade melhor
De forma pacífica e festiva, todos percorreram as ruas do centro da capital e os bairros Batel e Centro Cívico. Pelo caminho, por onde passavam, os manifestantes recebiam manifestações de apoio e aplausos. Das janelas dos prédios, os moradores que acenavam ouviam o convite: “Saia da janela, e desce com a magrela!”.
A marcha transcorreu sem maiores incidentes – houve apenas alguns casos de conflito com motoqueiros ou motoristas que queriam furar a Marcha. Vale lembrar aqui que o artigo 213 do Código de Trânsito Brasileiro considera infração gravíssima, passível de multa, deixar de parar o veículo diante de agrupamento de pessoas como passeatas, desfiles e outros. A Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) foi noticiada formalmente sobre a realização da Marcha, porém os agentes de trânsito escoltaram apenas o início e o fim da manifestação. De qualquer forma, as situações de tensão foram contornadas com inteligência e bom humor.
Parabéns a todos os ciclistas que participaram da Marcha das 2012 Bicicletas em Curitiba — a maior Bicicletada da história do país. Vocês são uns gigantes!!!
Em frente ao Palácio 29 de Março – sede da prefeitura de Curitiba – os ciclistas cantaram palavras de ordem exigindo políticas públicas que favoreçam o uso da bicicleta como meio de transporte.
De lá, a marcha voltou à Praça 19 de Dezembro. Lá, o Homem Nú, um dos símbolos da capital — que representa o homem paranaense olhando em direção ao futuro –, foi presenteado com uma bicicleta gigante. A intervenção urbana foi a forma que o movimento cicloativista encontrou para mostrar que é impossível pensar no futuro sem garantir espaço para o uso seguro da bicicleta como um meio de transporte.
Ali, unidos em praça publica, os 2 mil e muitos ciclistas tornaram-se gigantes e ajudaram a escrever mais um capítulo importante da luta por uma cidade mais amiga da bicicleta.
Se quiser ver as imagens da Marcha, confira a reportagem da Michelly Corrêa, da RPCTV.
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