A prefeitura de Curitiba divulgou nesta sexta-feira (6) os detalhes do Plano Diretor Cicloviário. A grande novidade, no entanto, não é o investimento de R$ 90 milhões para implantação de 300 quilômetros de novas vias para a circulação de bicicletas na capital até 2016. Nem a criação de via preferencial para bikes na Avenida 7 de Setembro, uma das principais artérias do centro da cidade. Muito menos o projeto de uma microrrede cicloviária na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), para beneficiar os trabalhadores que usam a bicicleta como meio de transporte.
O verdadeiro fato novo é o plano em si — e tudo o que ele representa. A cidade tem agora um plano cicloviário, anunciado com status de “pacote”. No mundo da política, só ganha pacote o que é emergencial e fundamental. Ouve-se falar de pacote para a Economia, para a Educação, Saúde e Segurança Pública. A Bicicleta também fez por merecer e ganhou um pacote com 12 medidas — que vão desde implantação de infraestrutura à criação de uma praça temática para os ciclistas –, buscando consolidar o conceito de multimodalidade ao inserir a bicicleta no planejamento da cidade. Bicicleta como coisa para passear no parque, portanto, é discurso superado. Quem é contra, pode até ficar de mi-mi-mi, mas já foi atropelado pelos fatos.
Tudo isso deixa evidente que iniciamos uma nova etapa. É com otimismo que se pode perceber que a bicicleta supera o plano simbólico e de manifestações de boas intenções no discurso e vira política pública. O prefeito tira foto pedalando, ao mesmo tempo em que técnicos estão na prancheta, secretários municipais se reúnem com cicloativistas e a Secretaria de Trânsito ganha um órgão especial para cuidar da mobilidade não motorizada. Há avanços, é inegável. O plano não peca pela timidez e covardia ao mesmo tempo em que não promete construir a Amsterdã do Sul — o que seria digno da mais profunda desconfiança;
Outros ficarão chateados porque continuarão tendo que, ora dividir as ruas com os carros, ora as ciclovias compartilhadas com os pedestres. Mas a defesa da humanização das cidades passa necessariamente pelo compartilhamento do espaço público. Lutar cegamente apenas pelo que segrega não é exatamente o melhor caminho a ser seguido.
A ciclomobilidade ganhou um norte. Agora, é preciso pedalar para alcançá-lo.
Confira os pontos principais do Plano Diretor Cicloviário de Curitiba:
– Microrrede Cicloviária na CIC: 19,5 km de vias interligando diferentes pontos do bairro. Prazo: 2014
– Via acalmada na 7 de Setembro: 6,3 km de vias acalmadas priorizando a bicicleta com implantação de áreas preferenciais nos cruzamentos (bicicaixas). Prazo: 2014
– Bicicletário nos terminais: locais segregados de estacionamento de bicicletas. Prazo: até 2016
– Recuperação da malha: requalificação das ciclovias e passeios compartilhados existentes. Prazo: até 2016.
– Circuito Interparques: conclusão do anel cicloviário de 47 km interligando 8 parques da cidade. Prazo: 2014.
– Conclusão das vias em implantação: conclusão da implantação de infraestrutura cicloviária na
– Avenida Marechal Floriano Peixoto (3,84 km), Linha Verde Sul/Sul (1,76 km) e Avenida Comendador Franco (19,2 km, nos dois sentidos). Prazo: outubro de 2013.
– Praça do Ciclista: criação de uma praça na esquina das ruas São Francisco e Presidente Faria, no centro de Curitiba. Prazo: 2014.
– Paraciclos: instalação de 25 conjuntos de paraciclos, criando 150 vagas em parques e praças, sobre áreas de calçamento, junto às vias de tráfego. Prazo: 2013
– Bicicletários: criação de estacionamento fechados junto em 20 terminais de ônibus da cidade – com capacidade entre 40 e 60 bicicletas em cada um deles. Prazo: até 2016.
– Manual de infraestrutura cicloviária: documento com descrição técnica dos tipos de vias cicláveis a serem implantadas na cidade, unificando padrões e procedimentos. Prazo: outubro de 2013.
– Lei do Estacionamento: decreto regulamenta a Lei Municipal nº 6.273/81, que destina 5% das áreas de estacionamento para bicicletas e motocicletas em prédios residenciais e áreas com usos não habitacionais. Prazo: Em elaboração.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS