“Desculpe, você não pode seguir esse usuário (porque ele bloqueou você)”.
O prefeito Luciano Ducci (@LucianoDucci)— ou o assessor que administra a conta dele — me bloqueou no Twitter. Com isso, não posso mais seguir as mensagens postadas pelo prefeito — que por sua vez, também deixa de receber as mensagens que eu envio a ele.
Percebi o fato ao tentar enviar ao prefeito um tweet sobre a campanha da prefeitura paulistana que criou adesivos para incentivar o uso de bicicletas nas ruas.
Não é exatamente o caso de invocar a liberdade de imprensa ou de manifestação do pensamento. Mas, se o prefeito tuíta em horário de expediente, suponho que seja uma conta pública, acessível às demandas dos cidadãos curitibanos.
E é exatamente minha militância cicloativista que ajuda a explicar esse bloqueio. Tenho usado o microblog — como jornalista e, acima de tudo, como cidadão –, para cobrar do prefeito ações que permitam um trânsito mais civilizado e humano em Curitiba.
Foi pelo twitter que, em outubro de 2010, cobrei explicações do prefeito após a morte da ciclista Ivanete dos Santos Kravichenko, atropelada por um ônibus da linha Inter-Hospitais na Avenida Afonso Camargo, quando voltava para casa do trabalho pedalando.
Na época, Ducci chegou a responder, pelo próprio Twitter, que o Ippuc estava estudando uma solução e afirmou: “Garanto que todos vão ficar surpresos com as mudanças que vamos fazer no transporte”.
É também através do Twitter que tenho enviado sugestões para criação de campanhas de educação dos motoristas. Pela ferramenta, também tenho cobrado a execução do orçamento municipal destinado a implantação e revitalização de infraestrutura cicloviária do município. De acordo com dados do site Curitiba Aberta, no primeiro semestre o executivo municipal empenhou 6% dos R$ 2 milhões previstos no orçamento de 2011.
Também uso o microblog para divulgar semanalmente o Pedala Curitiba, iniciativa da prefeitura que promove passeios noturnos de forma segura pelas ruas da cidade. Tudo dentro da civilidade e do espírito democrático.
Mas, ao invés de dar respostas às demandas, o prefeito preferiu me bloquear. De fato, é mais fácil clicar em um botão do que construir mais ciclovias, ciclofaixas e bicicletários. Mas, ao fazer isso, o prefeito (ou sua equipe) dá uma boa mostra de como enxerga a democracia e o respeito que tem por quem pedala pelas ruas da cidade.
Mas o bloqueio virtual não é nada para quem leva #block, todos os dias de carros, taxis e ônibus pelas ruas da cidade, justamente por falta e campanhas de educação dos motoristas.
Você pode me bloquear, enfiar os dedos nos ouvidos é gritar lá-lá-lá-lá-lá. Mas nós ciclistas somos centenas, milhares e, cada vez mais, tomaremos as ruas, um espaço público que é nosso por direito. Além disso, 2012 vem aí, Sr. Prefeito. Será a nossa vez de bloqueá-lo. Não no twitter, mas nas urnas.
Atualização (12/08, às 15h25)
Depois de ser cobrado, via Twitter, por alguns leitores do blog, o prefeito Luciano Ducci me enviou a seguinte mensagem:
@Ale_CN Não tenho motivo nenhum para bloquear você,que sempre fez cobranças com respeito.Inclusive até criamos grupo de debate c ciclistas
Em seguida, ao ser questionado pelo jornalista Willian Cruz (@wcruz), do site vadebike.org, se “Algum dos dois se confundiu nas configurações?” o prefeito Ducci respondeu:
“Pode ser,mas não teria razão nenhuma para bloquear,pelo contrário,estamos procurando é trabalhar em conjunto com os ciclistas”.
De fato, fui desbloqueado e o @LucianoDucci agora me segue pelo Twitter. O debate democrático foi restabelecido. Melhor assim.
Atualização (12/08, às 17h25)
Luciano Ducci, via Twitter, sobre a sugestão da campanha:
Ale_CN concordo,estamos preparando uma campanha educativa para que haja respeito aos ciclistas no trânsito.
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