A ciclofaixa da Marechal Floriano não precisará ter sua área útil alargada desde que haja um controle efetivo da velocidade dos veículos que trafegam nas laterais da via.
Este foi o entendimento formulado entre representantes dos ciclistas e da Prefeitura de Curitiba em reunião realizada neste sábado (14) para discutir a questão da segurança do projeto.
A ciclofaixa, que ainda está em fase de implantação, terá dois sentidos de circulação, um em cada lado da canaleta do expresso, ambos com largura total variando entre 1,5 metro e 2 metros de largura. Dentro deste espaço ficam os bordos de segurança com pintura branca e tachões (barreira física) e a pista de rolagem das bicicletas pintada em vermelho.
Segundo a Prefeitura, o cálculo da largura da ciclofaixa deve considerar toda a extensão da via — bordos, faixa de rolamento, faixas laterais e tachões. Com isso, a ciclofaixa da Marechal atingiria a largura mínima de 1,5 metro, o que estaria de acordo as especificações técnicas do Denatran. Ainda de acordo com os técnico da Urbs, as áreas em que a ciclofaixa tem 2 metros de largura total permitirá a ultrapassagem entre os ciclistas.
O diretor técnico da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu), Antonio Miranda, defendeu a viabilidade do projeto com essa largura. Para ele, o maior cuidado deve ser tomado no sentido de garantir a redução de velocidade dos veículos que trafegarem pela avenida, principalmente nos trechos onde a ciclofaixa fica mais estreita.
“O que determina a segurança da ciclofaixa é a velocidade dos carros que passam ao lado. E até é importante que área de circulação (faixa vermelha) para as bicicletas não seja mesmo muito larga para não incentivar os ciclistas a usarem a mesma ciclofaixa nos dois sentidos, o que pode prejudicar a segurança”, destacou Miranda.
A velocidade dos carros e ônibus que trafegam pela Marechal Floriano deverá ser limitada a 40 km/h e a fiscalização será feita por radares móveis dos agentes da Secretaria de Trânsito de Curitiba (Setran).
O secretário de Trânsito, Marcelo Araujo, se comprometeu a reforçar a fiscalização com a presença dos agentes e orientações para os motoristas, principalmente quando esse primeiro trecho da ciclofaixa estiver pronto.
“Daremos toda a atenção para que haja o compartilhamento seguro das vias, e que motoristas e ciclistas possam conviver pacificamente”, disse Araujo.
Outra sugestão apresentada foi a de aumentar o número de tachões nos bordos onde a ciclofaixa fica mais estreita — nas áreas próximas às estações-tubo –, além da realização de campanhas oficiais focadas na educação de ciclistas, motoristas e pedestres.
Terminal do Carmo
Outra questão debatida durante a reunião foi o trecho da ciclofaixa nas proximidades do terminal do Carmo, onde há um cruzamento com a rota dos ônibus ligeirinhos.
A ideia de transferir a ciclofaixa para o lado direito da via nesse trecho foi abandonada.
A proposta apresentadas pelos ciclistas, de transferir o trajeto dos ligeirinhos para a canaleta, foi considerada inviável pelo engenheiro de transportes da URBS, Ismael Bagatin França, responsável pelo sistema de transporte público da cidade. Segundo ele, a velocidade operacional dos ligeirinhos (28 km/h) é 55% superior a dos ônibus biarticulados (18 km/h), o que criaria problemas de fluxo.
“Além disso, o maior índice de acidentes envolvendo ciclistas é justamente nos trechos em que o ligeirinho usa a canaleta”, argumentou.
A solução técnica apresentada e aprovada por consenso foi a de recuar a faixa de parada dos ciclistas e instalar mecanismos de redução de velocidade como dois sonorizadores e uma lombada na ciclofaixa antes do cruzamento. O trecho também receberá placas alertando os ciclistas sobre o cruzamento dos ônibus.
Em uma segunda etapa, a Prefeitura se comprometeu a também instalar no local um espelho convexo para facilitar que os ciclistas vejam os ônibus que estejam atrás.
Retomada
Com o entendimento em torno da questão da segurança, as obras de implantação da ciclofaixa deverão ser retomadas nos próximos dias.
Entretanto, ainda não há um prazo definido para a conclusão e entrega da ciclofaixa. Pelo cronograma inicial, a ciclofaixa deveria ter sido concluída em novembro de 2011.
Para o presidente da CicloIguaçu, Goura Nataraj, as soluções encontradas são positivas. “O importante é que se tenha a garantia de segurança dos ciclistas e o compromisso de campanhas de educação dos motoristas para o compartilhamento das vias”, avaliou.
A reunião teve a participação do secretário de Trânsito de Curitiba e técnicos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs).
Representando os ciclistas estiveram presentes o presidente e o diretor técnico da CicloIguaçu, o coordenador do Programa Ciclovida da UFPR, José Carlos Belotto além deste blogueiro.
Origem dos recursos
Na reunião, a Prefeitura esclareceu que a construção da ciclofaixa da Marechal está sendo executada com recursos próprios do município e não com financiamento do programa Global Environment Facility (GEF), como havia sido divulgado aqui no Ir e Vir de Bike.
Segundo a Prefeitura, diante da demora no fechamento do contrato com o GEF, a administração municipal optou por incluir a ciclofaixa dentro do orçamento do programa de revitalização da Avenida Marechal Floriano Peixoto, previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA).
Ainda de acordo com a Prefeitura, os US$ 900 mil (cerca de R$ 1,6 milhão)liberados pelo GEF vão financiar a revitalização de 37 quilômetros da rede cicloviária da cidade.
Os recursos devem financiar o projeto da obra (orçado em R$ 400 mil) e parte da execução, que também contará com aporte de recursos do município.
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