Um projeto inovador na área da segurança pública, que faz uso da bicicleta como arma contra o crime, está aos poucos sendo desativado. A Ciclo-Patrulha é uma modalidade de policiamento da Guarda Municipal de Curitiba, em que parte do efetivo usa a bicicleta para fazer rondas em parques e ciclovias da cidade. Mas, exatamente seis anos após ser lançada pelo então prefeito — e hoje governador — Beto Richa (PSDB), o projeto atravessa sua fase mais crítica.
Das 80 bicicletas que chegaram a fazer parte do projeto, apenas 12 ainda circulam para garantir a segurança da população. Além disso, as principais rotas de policiamento foram sendo desativadas e, atualmente, o programa se restringe a operações na parte interna de alguns parques.
“Atitudes preconceituosas dos gestores estão fazendo com que o projeto da Ciclo-Patrulha seja obsoleto em seu funcionamento especifico”, critica um agente da Guarda Municipal, que, com a condição de não ter seu nome revelado, contou com exclusividade ao Ir e Vir de Bike a situação atual do programa.
Ele lembra que as patrulhas eram feitas, diariamente, por duplas de guardas municipais, em dez parques da cidade, além de três eixos de ciclovias, ajudando a garantir a segurança dos ciclistas curitibanos.
“As rotas e rondas foram sendo desativadas e o efetivo foi sendo recolocado em outras áreas. A situação ficou tão engessada que em alguns eventos que atuávamos, como o Bike Night, corridas rústicas e operações em eventos diversos simplesmente foram sumindo”, afirma o guarda, que pedalava na Ciclo-Patrulha.
Ele lembra que, na primeira fase, existia até mesmo uma fila de guardas municipais voluntários, dispostos a participar do programa.
“O projeto teve uma fase inicial interessante. Mas a administração não teve o cuidado de capacitar os policiais. Hoje são somente 12 guardas. Não há uma preocupação para que a Ciclo-Patrulha tenha um andamento”, lamenta.
Policiamento cidadão
A Prefeitura de Curitiba ainda mantém o projeto da Ciclo-Patrulha no site Banco de Boas Práticas, onde reconhece que a bicicleta permite uma maior proximidade física e até emocional entre os guardas municipais e os cidadãos.
“Estando visíveis mais vezes estão efetivamente mais perto, e mais disponíveis para qualquer necessidade, criando maior sensação de segurança entre os cidadãos. Esta sensação real de segurança traz mais tranqüilidade aos usuários dos locais atendidos pela Ciclo-Patrulha”, diz o texto.
O ex-integrante da Ciclo-Patrulha lembra dos benefícios dessa aproximação e lamenta que o projeto esteja sendo “esvaziado”. “O policial de bike tem uma maior presença, visibilidade e tem um contato maior com a população, podendo assim fazer um trabalho de policia comunitária. O patrulhamento funcionava bem, com boa aceitação da população. Os comerciantes das regiões que eram atendidas também nos elogiavam, pela atuação de presença constante e eficiência”, diz.
O guarda municipal assegura que a bicicleta representa um divisor de águas na operacionalidade policial, ajudando a reduzir a criminalidade. Ele ainda critica a falta de atenção da atual administração municipal ao projeto.
“Os gestores são pessoas que não se desprenderam de suas ideologias arcaicas. Com aumento da criminalidade, precisamos criar novas ações de policiamento que possam efetivamente resultar na prevenção do crime”, argumenta.
Para o agente, o policiamento de bicicleta tem credibilidade e aceitação positiva. “A bicicleta não polui, entra em qualquer área em que o carro e até mesmo a moto não conseguem entrar. Além disso, a bicicleta tem uma aceitação com as crianças, aproxima o policial da população. O investimento é barato e basta ter um pouco de boa vontade dos administradores de aderir e incorporar essa mobilidade”, finaliza.
E você? Gostaria que a Ciclo-Patrulha voltasse às ruas e ciclovias da cidade?
Cobre uma ação dos responsáveis via Twitter: Prefeitura de Curitiba, prefeito Luciano Ducci ou registre uma reclamação pela Central 156.
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