A prefeitura de Curitiba anunciou um acordo com a Caixa Econômica Federal, que passará a ser patrocinadora do projeto Ciclolazer, que ocorre todos os domingos, das 8 h às 16 horas, no Centro Cívico. Com o acordo, que prevê o repasse de R$ 100 mil até fevereiro de 2014, o circuito ciclístico de lazer passará dos atuais 700 metros para 1,3 quilômetro. Parece pouco? E é mesmo.
Segundo o prefeito Gustavo Fruet (PDT), os recursos serão usados no pagamento de monitores, aquisição de bicicletas, material de apoio e ampliação do circuito, que vai chegar até a feirinha do Largo da Ordem.
A notícia da parceria é positiva e deve ser comemorada. Porém, a expansão do circuito em 600 metros, apenas até a Feirinha do Largo, revela o conservadorismo da prefeitura diante do potencial que o projeto de ciclofaixa de lazer tem para inserir o uso da bicicleta no dia a dia das pessoas.
O Ciclolazer, na prática, é a grande vitrine até o momento da administração Fruet na área da ciclomobilidade, já que, todo o resto, por enquanto, são apenas planos e manifestações de boas intenções.
O circuito dominical nada mais é do que um trecho de 700 metros na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico — entre o Palácio 29 de Março e o Shopping Mueller – que é fechado ao trânsito de veículos no domingo. O projeto substitui e reduz em mais de 80% o malnascido Circuito Ciclofaixa, de 4 quilômetros , implantado pela gestão Luciano Ducci (PSB) no centro da capital. Ainda na administração passada, o projeto — que jamais foi concretizado –, previa até 15 quilômetros de vias para circulação de bicicletas aos domingos e feriados, em uma rede ligando vários bairros da cidade. O plano, claro, nunca saiu do papel.
A diferença, porém, estava no simples fato de pintar o asfalto de vermelho, sinalizando a faixa exclusiva para uso das bicicletas — ainda que aos fins de semana. Medida essa que, Fruet, até agora, não teve coragem de pôr em prática.
A coordenadora responsável para implantação do projeto em São Paulo – que conta com cerca de 150 quilômetros de ciclofaixa de lazer — Laura Lúcia Vieira explicou ao blog Ir e Vir de Bike a importância da pintura das como uma demarcação de território, uma “tatuagem urbana” para obrigar o poder público a manter o compromisso com o projeto. Defensora da bicicleta como meio de transporte, ela ressaltou ainda a iniciativa das ciclofaixas de lazer como uma porta de entrada da bicicleta no cardápio da mobilidade das pessoas. “Muitos motoristas começam a pedalas nos fins de semana. Alguns percebem que é possível usar a bicicleta no dia a dia. Outros continuar dirigindo, mas percebem que é preciso respeitar o ciclista”, disse.
Com R$ 100 mil da Caixa na mão, a prefeitura pode levar o Ciclolazer a outro patamar, criando uma porta de entrada para integrar mais ciclistas ao trânsito da cidade. Ou, simplesmente, pode manter um projeto de poucos resultados práticos mas com grande apelo de marketing. A decisão é, acima de tudo, política. Vamos ver que rumo a prefeitura dará ao projeto nos próximos meses.