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Citroën justifica corte da araucária: prefeitura autorizou

Reprodução
Licença para desmatar: documento da SMMA autoriza Citroën a derrubar uma araucária.

Após as críticas que recebeu por ter cortado uma araucária no Centro Cívico para construção de uma revenda, a Citroën do Brasil publicou na página de seu perfil no Facebook uma nota explicando que a derrubada da árvore foi feita com autorização da prefeitura de Curitiba.

“Consultamos a concessionária Citroën em Curitiba e garantimos que ela está conforme às regulamentações requeridas a essa situação, com autorização da Secretária Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura”, diz a nota.

Junto com a justificativa, a empresa postou um cópia do documento que autoriza o corte da árvore.

O documento autoriza o corte da árvore por ela representar “severo comprometimento na base” além de “risco de tombamento sobre a obra”.

Nada mais óbvio. No dia em que a motosserra da Citroën subjugou a araucária, postei nesse blog a seguinte “profecia”: “Provavelmente a resposta, se vier, será a de que a árvore ‘estava doente’ e representava uma potencial ameaça de queda colocando em risco a segurança da coletividade. Ou então, de que a empresa teve autorização para derrubar a árvore e deverá plantar outras duas em algum outro lugar”.

Segundo o documento, para cumprir a legislação municipal e compensar a derrubada da árvore, a empresa deverá plantar um muda de araucária de, no mínimo, um metro de altura e outras duas árvores de espécie nativa no município de Curitiba.

Aos seus “seguidores”, a empresa afirma “entender e reconhecer” a preocupação dos que criticaram a derrubada da árvore. “Por isso, a Citroën, a montadora mesmo, entende a preocupação ambiental e tem suas próprias iniciativas relatadas no site da marca”, diz a empresa francesa, que convida ainda os leitores a conhecerem suas políticas de “responsabilidade social”.

Crime ambiental

Não se critica aqui a “legalidade” da derrubada de uma espécie protegida por lei. Mas vale lembrar a Citroën que, no Brasil ou na França, em Curitiba ou em Paris, nem tudo que é legal é necessariamente moral.
Além disso, um projeto arquitetônico não precisaria ser muito engenhoso para conseguir conciliar a obra com a natureza.

Já no plano local, essa autorização de desmate para construção de uma revenda de automóveis tem uma aspecto muito simbólico.

Mostra que, enquanto o mundo todo empresas estão preocupadas em plantar árvores para mitigar a emissão de CO2 que sai dos escapamentos dos veículos, em Curitiba derruba-se árvores para dar lugar a uma nova concessionária.

Não é a primeira vez que árvores vem a baixo, praças são mutiladas e pessoas perdem espaço para dar passagem às máquinas poluidoras, velozes e furiosas.

Também nunca é demais lembrar que, em 2008, a prefeitura da cidade multou três cicloativistas por pintarem uma ciclofaixa na Rua Augusto Stresser sob alegação de que cometeram crime ambiental.

ACN
De “Capital Ecológica” para “Capital dos Carros”, Curitiba vai na contramão da história.

Atualização

O promotor de Justiça do meio ambiente de Curitiba, Edson Luiz Peters, instaurou procedimento para investigar o corte da araucária no Centro Cívico e mandou ofício a SMMA requisitando informações.
O protocolo é o nº MPPR-0046.11.007258-7.

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