O Tour d´Afrique está no Sul do mundo. No último estágio no Quênia, antes de chegarmos à capital Nairóbi, atravessamos a linha imaginária que divide o mundo em dois hemisférios. A imaginação foi longe e a emoção tomou conta quando coloquei as rodas de minha bicicleta em paralelo à Linha do Equador, pedalando alguns metros exatamente no meio do Planeta Terra.
Olhar para o GPS e ver a coordenada geográfica N 0°00’00” é realmente interessante, assim como a experiência de parar exatamente sobre a linha, com um pé no Norte e outro no Sul do mundo, um no inverno e outro no verão.
Os dias no Quênia, entretanto, têm sido marcados mais pela frustração do que propriamente pelas pedaladas. A situação política é delicada por conta da realização das eleições gerais no país e, novamente, a organização do TDA resolveu cancelar mais um estágio.
A chegada em Nairóbi estava programada ontem (9/3), o exato dia em que a Comissão Nacional Eleitoral divulgou o resultado oficial das eleições no Quênia.
Temendo aglomerações e protestos nas ruas da capital, a organização preferiu colocar todos os ciclistas – e suas respectivas bicicletas – dentro de um ônibus. Ao todo, 6 dos 15 dias de pedal no Quênia foram abortados – representando mais de 50% da etapa Meltdown Madness.
Mas a situação por aqui aparenta estar tranquila até o momento. O candidato derrotado, Odinga, deu declarações contestando a vitória de Kenyata. Há sete anos, ao não aceitar a derrota Odinga deu início a violentos protestos, que resultaram em mais de 1,2 mil mortos. O perigo, portanto, existe.
Nairóbi é a cidade mais “ocidentalizada” que visitamos aqui na África. Com uma economia relativamente bem desenvolvida, aqui estão presentes grandes companhias multinacionais , shopping center, concessionárias de veículos; tudo isso com um toque de subdesenvolvimento que lembra um pouco as metrópoles brasileiras.
No shopping de Nairóbi tivemos acesso a primeira bicicletaria decente desde o início da viagem. Aproveitei para comprar duas câmaras reservas – após 18 furos desde o início da viagem, já não me restava nenhuma das 4 câmaras sobressalentes que trouxe.
O campeão em pneus furados até agora é o irlandês Darragh, com 24 furos pelo caminho. Por outro lado, cinco sortudos já rodaram mais de 4,6 mil quilômetros sem um furo sequer.