| Foto:
CARREGANDO :)

Pedalar em Curitiba é uma caixinha de surpresas. A cidade que já foi referência em inovação na área de mobilidade deu mais um passo e, em uma inédita Parceria de Quoeficiente Patético (PQP) criou a chamada “Ciclovia Kinder Ovo”.

Kinder Ovo, para quem não se lembra, é aquele chocolate caro, de gosto duvidoso, que promete uma surpresa, mas acaba entregando uma idiotice qualquer — que só as crianças adoram!

Publicidade

A última supresa para alegrar a vida de quem pedala apareceu no trecho da ciclovia do Jardim Botânico.

A terra revirada comprova que a Prefeitura de Curitiba acaba de instalar no local uma placa publicitária que cria uma interferência justamente em um trecho de grande circulação de pedestres, próximo a saída de uma estação tubo. O obstáculo avança até quase a metade da largura da ciclovia.

Agora eu me pergunto: é possível levar a sério e dar credibilide quando a Prefeitura diz que respeita os ciclistas e tem um plano de ciclomobilidade?

Alguém aqui consegue imaginar uma coisa parecida em alguma rua ou avenida da cidade, com a criação de uma barreira que avança sobre a faixa de rolamento dos veículos?

Vidraça

Publicidade

Nessa semana, após um post em que mostrei outras barbaridades que estão sendo feitas na implantação da ciclovia da Fredolin Wolf, um engenheiro escreveu um e-mail ao jornal se dizendo “abismado com a falta de tato e respeito com que o Sr. Alexandre Nascimento do blog Ir e Vir de bike trata a municipalidade”.

O blog, diz o engenheiro, “me ofende como cidadão curitibano, pois sei o quanto a Prefeitura Municipal de Curitiba trabalha
afim do melhor para a cidade”.

O engenheiro disse ainda que o blog “defende de forma maldosa a construção de uma cidade utópica, doa a quem doer”.

“Pô, a ciclovia da Fredolin está ficando legal. Não é europeia, mas tá bacana. Tem um probleminha aqui, outro ali mas tá legal!!!”, justificou.

Publicidade

Para finalizar, ele pediu expressamente minha cabeça à cúpula da empresa, dizendo que eu sou “um sujeito antidemocrata”.

A autor da missiva é Marcio Augusto de Toledo Teixeira, que coincidentemente é chefe do Departamento de Mobilidade e Acessibilidade e de Projetos Viários do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

Teixeira, que também é proprietário da MHB Projetos, Consultoria e Perícias de Engenharia, é o responsável direto de projetos como a ciclofaixa da Marechal Floriano, da própria obra da Fredolin Wolf e de todas as outras surpresas que foram entregues aos ciclistas curitibanos nos últimos anos.

Faço aqui um convite público ao nobre engenheiro para pedalarmos pelas ciclovias “bacanas” de Curitiba.

Também aproveito para deixar registrado que, sobre cabeças rolando, não é exatemente a minha que está a prêmio por incompetência no exercício das funções. Jornalistas fazem jornalismo. De engenheiros — principalmente os do Ippuc — o que qualquer cidadão curitibano espera são bons projetos.

Publicidade

E, por falar em responsabilidades profissionais, é meu dever de ofício deixar aqui registrado que o engenheiro Marcio Augusto de Toledo Teixeira respondeu processo, foi autuado e multado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) por falta de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) em uma obra de sua responsabilidade. A ART é obrigatória e prevista por Lei Federal (nº 6496/1977). A decisão está na ata da sessão ordinária nº887 do plenário do CREA-PR, realizada no dia 10/08/2010.

Atualização – 15h30

Durante a tarde dessa quarta-feira, um representante da empresa Clear Channel — responsável pela instalação, manutenção, limpeza e conservação do mobiliário urbano de Curitiba, conforme previsto no Contrato de Concessão nº 14.547/2002 — entrou em contado com o blog reconhecendo que a instalação inadequada da placa foi um erro da própria empresa.

Segundo o responsável, a placa já foi retirada do local para não prejudicar o fluxo de pedestres e ciclistas que passam pelo local.

Publicidade

——
Apoie a Expedição Ir e Vir de Bike – Tour d´Afrique: http://catarse.me/tda2013