O prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, anunciou nesta terça-feira (27) a vigência do novo Plano de Ordenamento Territorial (POT) da capital colombiana. A principal novidade é a criação de uma espécie de imposto para fazer frente à especulação imobiliária. O mecanismo de potencial construtivo — que no Sul do mundo é usado para financiar com dinheiro público a construção de estádios particulares para a Copa do Mundo – será usado na Colômbia para a criação e manutenção de praças e áreas verdes, infraestrutura de transporte público e construção de moradias de interesse social.
Já é conhecida a história de que Bogotá se transformou de uma das cidades mais violentas do mundo para um dos cases mais impressionantes de humanização urbanística. Também não é segredo para ninguém que o sistema de ônibus Transmilênio foi inspirado no BRT curitibano –ônibus expressos com uso de vias exclusivas.
Lá, porém, a coisa não ficou estacionada na década de 1970. Evoluiu e continua evoluindo. Exemplo disso é que na área central, as chamadas canaletas passarão a ser legalmente de uso compartilhado entre os ônibus e ciclistas, ampliando ainda mais a já capilarizada rede cicloviária da cidade.
Em Curitiba, tudo que temos até o momento é a promessa da implantação de 300 quilômetros de vias cicláveis e a recuperação da malha existente. Passados quase oito meses desde que Gustavo Fruet (PDT) foi tomar posse pedalando, ele ainda não mostrou efetivamente a que veio.
Até agora, todas as ações no campo da ciclomobilidade são muito mais simbólicas do que efetivas. É possível citar como avanço o fato de o prefeito vez ou outra sair para dar suas pedaladas e de que os órgãos administrativos – bem ou mal – estarem mais abertos e permeáveis ao diálogo (o que já deveria ser a regra em qualquer regime democrático). Também vale uma estrelinha o esforço de promover grupos de pedal nos bairros e regionais da cidade.
A grande vitrine até o momento é o Ciclo Lazer, trecho de 700 metros na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico — entre o Palácio 29 de Março e o Shopping Mueller – que é fechado ao trânsito de veículos no domingo. O projeto substitui e reduz em mais de 80% o malnascido Circuito Ciclofaixa, de 4 quilômetros , implantado pela gestão Luciano Ducci (PSB) no centro da capital.
A criação de espaços, exposições e infraestrutura para os usuários e apoio da equipe da secretaria municipal de Esporte e Lazer aponta no caminho certo. Mas como política pública, o projeto é tímido, centralizado, quase inócuo. Até agora, não foi apresentado nenhum projeto de expansão do circuito. Além disso, toda a infraestrutura não passa de cones de trânsito, colocados pela prefeitura. Não há sinalização horizontal. Com isso, se no próximo fim de semana o gestor de plantão resolver que não quer mais esse negócio de bicicletas no Centro Cívico e resolver não operar o Ciclo Lazer, não haverá nenhuma marca de que aquele espaço, um dia, já foi ocupado por pessoas e bicicletas.
Coordenadora responsável para implantação do projeto em São Paulo – que conta com cerca de 150 quilômetros de ciclofaixa de lazer — Laura Lúcia Vieira explicou, durante o seminário “Mobilidade Curitiba: A Revolução das bicicletas!”, realizado em 2011, a importância da pintura das como uma demarcação de território, uma “tatuagem urbana” para obrigar o poder público a manter o compromisso com o projeto. Defensora da bicicleta como meio de transporte, ela ressaltou ainda a iniciativa das ciclofaixas de lazer como uma porta de entrada da bicicleta no cardápio da mobilidade das pessoas. “Muitos motoristas começam a pedalas nos fins de semana. Alguns percebem que é possível usar a bicicleta no dia a dia. Outros continuar dirigindo, mas percebem que é preciso respeitar o ciclista”, disse na ocasião.
Em Bogotá, 121 das principais avenidas da cidade são fechadas aos domingos, convertendo a cidade no maior parque linear do mundo, com mais de um milhão de pessoas caminhando, correndo e pedalando por diversos pontos da cidade. Lá, a prefeitura recém publicou um edital para a um concurso público para o cargo de “monitores de ciclovias”, ciclistas responsáveis pela operação do sistema e por zelar pela segurança e bem-estar dos usuários.
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