Na corrida eleitoral pela prefeitura de Curitiba em 2012, nenhum tema será tão importante e decisivo quanto a [falta de] mobilidade urbana, tópico que afeta diretamente a vida de cada cidadão. E a coisa — com o perdão do trocadilho – não anda nada boa para os curitibanos.
Quem usa o carro está insatisfeito com os congestionamentos intermináveis. Quem anda de ônibus está revoltado com os veículos lotados, a tarifa alta, os atrasos constantes e falta de segurança — dentro dos ônibus e nos terminais.
Quem usa a bicicleta como alternativa fica inconformado com a falta de infraestrutura adequada – ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e sinalização — da cidade que se diz Capital Ecológica.
E até os pedestres reclamam do estado precário das calçadas e arriscam as próprias vidas, circulando pelo espaço público ao lado de motoristas que desconhecem leis básicas de trânsito e de civilidade.
Recentemente a cidade de São Paulo virou notícia em todo o país porque — vejam só que grande passo civilizatório! –, começou a aplicar a lei que garante a preferência dos pedestres sobre a faixa…de pedestres!
O Código de Trânsito Brasileiro é bem claro: “os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”. (Art. 29, inciso XII, § 2º). No trânsito daqui, entretanto, continua valendo apenas lei da selva.
Legalmente, o órgão responsável por cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito é o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR). O cargo de diretor geral do órgão é ocupado por Marcos Elias Traad da Silva, nomeado pelo governador Beto Richa (PSDB).
Parece piada pronta, mas não é. Doutor em zootecnia, Traad era diretor do zoológico de Curitiba e fazia o personagem Dr. Zoo em um telejornal da Rede Massa (SBT) antes de assumir o cargo no Detran. Com um gestor de “perfil técnico” à frente do órgão, é impossível não se lembrar da campanha Cidadão em Trânsito, que fez sucesso por aqui ao associar hábitos dos motoristas curitibanos com animais, como a anta, o rato e a perua.
A campanha em questão deu resultados. Segundo dados do BPTran, entre 1997 e 1998 – época da divulgação das peças — houve uma queda de 60% nas infrações ligadas à campanha: bloqueio de cruzamentos, desrespeito ao sinal vermelho, estacionamento em fila dupla, entre outros.
São números significativos que provam que campanhas inteligentes fazem toda a diferença e podem salvar vidas. O diretor do Detran poderia usar sua expertise no trato com os animais para ajudar a tornar nosso trânsito um pouco menos selvagem.
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