Em Curitiba, ciclofaixa de lazer genérica vai funcionar em doses homeopáticas

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Mais uma vez, Curitiba demonstrou que é uma cidade inovadora. A “Capital Ecológica” será a primeira e única cidade do planeta a usar os princípios da homeopatia para tentar resolver o problema da mobilidade urbana. Para isso, a prefeitura criou uma versão genérica da ciclofaixa de lazer.

Apenas quatro dias após o prefeito Luciano Ducci (PSB) anunciar a implantação de uma rede de ciclofaixas — batizada por aqui de “Circuito Ciclofaixa” – vem a informação de que a estrutura funcionará apenas uma vez por mês.

Apenas para efeito de comparação, a Ciclofaixa de Lazer de São Paulo – que acredito ser uma cidade um pouquinho mais complicada de ser administrada –, foi inaugurada com 5 km e hoje já possui 45 km de vias exclusivas que interligam os parques Vila Lobos e Ibirapuera TODOS os domingos e feriados, faça chuva ou faça sol.

Já a congênere curitibana terá apenas 4km – 8,8% da extensão da ciclofaixa paulistana – com funcionamento limitado a um domingo por mês. É assim que a nossa prefeitura pretende implantar a cultura da bicicleta e de compartilhamento das vias urbanas.

A prescrição de doses homeopáticas é justamente para não causar “efeitos colaterais” – já que os motoristas são sensíveis e precisam de três faixas para trafegar, também aos domingos.

Quando o organismo social já estiver bem adaptado ao uso de um veículo que não polui, a posologia poderá ser administrada todos os domingos. Um dia — quem sabe? –, mais quilômetros de ciclofaixas de lazer poderão ser adicionados ao quase insignificante roteiro inicial.

Também um dia, com muita sorte, a bicicleta também poderá deixar de ser vista pela Prefeitura como instrumento de lazer, passando a ser tratada como veículo de transporte.

Por aqui, a ciclofaixa de lazer ficou a cargo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel), comandada por Marcello Richa, filho do governador Beto Richa (PSDB).

Pelo Twitter, o secretário disse ao blog que “[o] importante é começarmos a mudar a cultura do curitibano para implantarmos a CicloFaixa como mobilidade urbana”.

Instado a dar mais detalhes sobre o cronograma do projeto no médio e longo prazo, o secretário não respondeu às mensagens e, até o momento, ignorou um pedido de entrevista.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Prefeitura de Curitiba informou que a implantação da ciclofaixa de lazer será feita “com muita calma”.

“É uma ideia nova que será implantada aos poucos, para verificação de estrutura”.
Segundo a prefeitura, o cronograma pode ser adiantado. O aniversário da cidade (comemorado dia 29 de março) é a data limite para que a ciclofaixa de lazer seja usada todo fim de semana, informa a prefeitura.

Atualização(18/10 – 15 horas)

Pelo twitter, o secretário Marcello Richa disse ao blog que a ideia da ciclofaixa é mudar, “em pouco tempo” a cultura do motorista, com o auxílio de “sérias campanhas educativas”.

“O trajeto é bem maior do que este de 4 quilômetros que simbolicamente vamos inaugurar”, afirmou, também pelo microblog.

Sobre o pedido de uma entrevista, para falar sobre datas, planos, metas, prazos — e não políticas simbólicas –, o secretário não respondeu.

Atualização (18/10 19h20)

Resposta do secretário municipal de Esporte e Lazer, Marcello Richa a um pedido de entrevista:

“Alexandre, acredito que o IPPUC seja o orgão competente p/ dar entrevistas e esclarecer suas dúvidas qnto a prazos, metas e planos.” (o grifo é por minha conta)

Iniciativa Popular

Se você acha que Curitiba precisa de mais infraestrutura para os ciclistas, mas acha que não dá para ficar esperando a boa vontade dos nossos políticos, não deixe de apoiar o movimento VotoLivre.org

Esclarecimento: antes que alguém questione, que fique bem claro que acredito na eficácia da homeopatia. Minha mulher é farmacêutica com especialização nessa área e faço uso desses remédios sempre que preciso. Não acredito é na competência e na boa vontade da administração municipal ao formular políticas públicas para a bicicleta.

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