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Na noite de ontem (4), no debate final entre os candidatos que disputam a prefeitura de Curitiba, o atual prefeito e candidato à reeleição Luciano Ducci (PSB), ao falar sobre o tema da mobilidade, justificou os problemas do trânsito da cidade alegando que “horário de pico é horário de pico, em Curitiba ou em qualquer cidade do mundo”.

O prefeito também voltou a dizer que há um “lado positivo” no fato de Curitiba ostentar o título de capital motorizada do país, com o maior número de veículos per capita. Para ele, isso é sinônimo do progresso econômico, já que o pobre, agora, pode ter seu próprio carro. “A cidade recebe 1,2 mil novos carros por semana”, jactou-se.

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O candidato, no entanto, esquece de dizer que 20% da população brasileira está endividada e inadimplente com o cheque especial, cartão de crédito e (pasmem!) com a parcela do financiamento do carro zero. São pessoas realizadas, motorizadas, mas com o nome sujo no Serasa. Isso não é sinônimo de pujança econômica.

Em Curitiba isso significa 350 mil pessoas entupindo as ruas da cidade com carros financiados em 36, 48 ou 60 meses. Em linha reta, essa frota ocupa mais de 1 mil quilômetros de vias (ou, 25% da capacidade viária da cidade, que totaliza 4 mil quilômetros de ruas e avenidas).

Do ponto de vista da administração pública, a Curitiba do prefeito Ducci vai na contramão do que os grandes centros urbanos já perceberam: é insustentável continuar apostando no transporte individual motorizado.

Cidades como São Paulo, Buenos Aires, Bogotá, Rio de Janeiro já se deram conta disso e investem cada vez mais em modais alternativos, complementares e integrados. Os administradores dessas capitais sabem que os efeitos negativos dos congestionamentos vão além do tempo perdido nos “horários de pico”.

Isso tem custos econômicos mensuráveis: por ano, em Curitiba, apenas o tempo perdido nos “horários de pico” custa mais de R$ 450 milhões para a economia da cidade. Além, é claro, dos efeitos indiretos tais como problemas na saúde da população decorrentes da poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis, as vítimas de acidentes no trânsito, etc.

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Apostar no veículo individual motorizado como principal modal em uma cidade só serve mesmo para justificar o dispêndio de R$ 89 milhões em obras viárias de gosto, necessidade e licitações duvidosas.

Prefiro referendar a visão de urbe do ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, grande humanista e urbanista, para quem a verdadeira cidade rica não é aquela em que o pobre anda de carro, mas sim aquela em que o rico anda de ônibus.

Prova disso é Copenhagen, na Dinamarca, onde 50% dos deslocamentos diários são feitos de bicicleta. Apenas 13% da população utiliza o carro, enquanto que outros 13% andam a pé e 24% de ônibus, trem ou metrô.

Já Amsterdã, na Holanda, desconstrói o discurso de que horário de pico é igual no mundo todo. Seria mais honesto e coerente assumir que horário de pico é igual em cidades mal administradas no mundo todo.

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