Prevista para o fim de 2012, a instalação de 15 novos paraciclos (estacionamentos públicos para bicicletas) em Curitiba deve ficar apenas para o ano que vem, já sob responsabilidade da nova administração municipal.
Os equipamentos — que vão somar 200 vagas às 80 já criadas pela atual gestão em pontos com grande fluxo de ciclistas –, foram licitados pela prefeitura em 26 de setembro, mas a ordem de serviço ainda não foi assinada. Segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop), responsável pela implantação dos equipamentos, não há previsão de quando isso deve ocorrer.
Segundo uma fonte do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), que conversou com o blog sob condição de anonimato, a despensa não deverá ser autorizada para cortar despesas e aliviar o orçamento municipal. O corte, revela essa mesma fonte, chegou a afetar o fornecimento de cafezinho dos funcionários do órgão.
Licitação
A vencedora da licitação nº 75055/2012 é a Kokot e Irmãos Ltda — mesma empresa que, na primeira etapa,instalou os paraciclos em sete pontos da cidade em março desse ano. Naquela ocasião, a instalação das 80 vagas foi realizada através de carta-convite, ao custo total de R$ 31 mil — R$ 3.875 cada paraciclo.
Nessa nova etapa, a Kokot venceu a licitação ao apresentar a proposta de menor valor: R$ 105.729,41 pela instalação dos 15 novos paraciclos.
Segundo dados da prefeitura, 14 empresas consultaram o edital, mas apenas duas empresas apresentaram propostas.
Os sete paraciclos instalados pela empresa vencedora da licitação apresentaram problemas antes mesmo da inauguração. A empresa entregou os equipamentos com uma pintura cerca de 20% mais barata que a licitada. As obras precisaram ser refeitas e os paraciclos foram readequados.
Segurança pública
A implantação de paraciclos sempre levanta entre os ciclistas a polêmica sobre a segurança no uso desses equipamentos.
Para o secretário-geral da CicloIguaçu, André Feiges, é justamente a confiança no uso desse tipo de equipamento que acaba tornando seu uso mais seguro. Segundo ele, um paraciclo subutilizado é mais atrativo para o ladrão do que um devidamente utilizado.
“Essa questão é de difícil superação, mas tenho, para mim, que é preciso correr o risco de deixar a bike para criar uma cultura de utilização, do contrário sempre vamos deixar de usar os espaços públicos por medo, gerando um ciclo viciado e insuperável”, avalia.
Segundo ele, também é preciso avaliar a questão política das bicicletas. “Enquanto alguns brigam pela implementação da estrutura — no caso, os paraciclos — e a maior parte reluta em utilizar-se dele por medo, o que temos é subutilização. Do ponto de vista da administração pública isto significa que o investimento pode ter sido um erro, induzindo gestores a pensar que não se deve investir em mais equipamentos do gênero. Quem perde? Nós.”, finaliza Feiges.
O economista, historiador e ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, também defende essa visão. “Segurança não é só assunto de polícia: tem a ver com urbanismo, mobilidade e cultura”. Segundo ele, uma cidade só é feita com gente na rua – e o incentivo ao uso da bicicleta contribui para isso.
Localização
A definição dos pontos que receberão os equipamentos foi discutida em reunião entre o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e representantes da Associação dos Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu).
A definição dos locais levou em conta a questão da mobilidade no dia a dia, onde já se percebe uma demanda e grande fluxo de ciclistas e de demandas da própria comunidade registradas junto à prefeitura.
Na área central, foi definida a instalação de paraciclos nas ruas Trajanos Reis com Treze de Maio, Terminal do Guadalupe, no cruzamento das avenidas Marechal Deodoro com Marechal Floriano, Marechal Deodoro entre a Barão do Rio Branco e Travessa da Lapa, Biblioteca Pública do Paraná e Mercado Municipal.
Na Biblioteca Pública será instalado um conjunto de 10 arcos, com capacidade para 20 bicicletas. “Em cada arco podem ser estacionadas duas bicicletas”, explica a arquiteta Ana Cristina Gomes.
A principal característica dos paraciclos é prender as bicicletas pelo quadro e não apenas pelas rodas como em alguns modelos antigos. A definição do modelo também passou pela aprovação dos ciclistas.
As praças Rui Barbosa, Carlos Gomes, Ouvidor Pardinho e Santos Andrade também estão na lista para receber os novos equipamentos. As duas primeiras são praticamente terminais de ônibus, e assim importantes para facilitar a integração entre bicicleta e transporte coletivo.
Na Rui Barbosa serão dois conjuntos de cinco paraciclos. O mesmo acontecerá na Santos Andrade, onde um dos conjuntos ficará em frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná e o outro em frente ao Teatro Guaíra.
O Passeio Público terá também dois conjuntos de paraciclos, um em cada entrada. No parque Barigui serão 15 arcos de paraciclos, sendo cinco em frente ao Bistrô e 10 no Salão de Atos. Entre o Shopping Estação e a Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) também será contemplado.
O Ippuc também se comprometeu a estudar uma terceira fase, priorizando a zona Sul da capital, parte mais plana da cidade e que conta com grande número de usuários de bicicletas.
Veja onde serão instalados os novos paraciclos
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