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Mais de 500 ciclistas tomam as ruas de Curitiba na Bicicletada Nacional
| Foto:
Henry Milleo/ Gazeta do Povo
O grupo acendeu velas no pátio da Reitoria em memória de ciclistas mortos

“Às favas, senhores leitores, neste momento, toda a minha imparcialidade jornalística”.

Que fique bem claro: quem escreve aqui é o ciclista e cicloativista, que acaba de chegar em casa rouco de tanto gritar e cantar, que ainda está com o coração emocionado e com a nítida sensação de ter feito parte de algo grandioso e histórico.

A cidadania refloresceu na noite de 6 de março de 2012. E fez isso sobre duas rodas. Milhares de ciclistas tomaram as ruas simultaneamente, em mais de 35 cidades em todo o país, para pedir mais respeito, menos violência e exigir mais espaço para as bicicletas nas ruas.

A Bicicletada Nacional foi convocada como um protesto pela morte de 5 ciclistas, vítimas da brutalidade do trânsito brasileiro na última sexta-feira. As tragédias ocorreram nas cidades de São Paulo, Brasília, Pará, Pernambuco e Santa Catarina.

Em Curitiba, mais de 500 ciclistas participaram do protesto, que também teve edições em Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Cascavel e Laranjeiras do Sul.

Veja a reportagem em vídeo

O encontro na capital também lembrou os dois ciclistas mortos recentemente em Curitiba: Edimar Nascimento, 24 anos, atropelado por um biarticulado no dia 20 de janeiro, nas proximidades do viaduto da Linha Verde, no bairro Pinheirinho, e Demétrius Kirach, 41 anos, atropelado por um caminhão na BR-277, na altura do quilômetro 65, em São José dos Pinhais, no dia 9 de fevereiro.

A concentração da Bicicletada ocorreu no pátio da Reitoria da UFPR, às 19 horas. Os ciclistas amarraram fitas pretas nas bicicletas em sinal de luto e, antes de saírem, acenderam velas e prestaram homenagem aos ciclistas que tombaram enquanto exerciam o direito de ir e vir sobre duas rodas.

De lá, a Bicicletada percorreu as ruas do centro da capital, de forma pacífica, cantando em coro frases como “Menos carro, mais bicicleta”, “Menos violência, mais paciência” e “R$ 2,60 é um assalto, põe a bike no asfalto”, essa última, uma crítica ao reajuste da passagem de ônibus na capital paranaense que passou a vigorar na segunda-feira (5).

O ponto alto do protesto ocorreu na Boca Maldita, palco de grandes manifestações políticas na capital e berço do movimento Direta Já.

Lá, todos os manifestantes se deitaram no chão como se estivessem mortos para representar que, quando um ciclista morre, todos os outros também morrem um pouco.

O ato chamou a atenção de quem passava pelo calçadão da Rua XV. Das janelas dos prédios moradores, trabalhadores e estudantes aplaudiram os ciclistas gritavam palavras de apoio à causa das bicicletas.

O protesto seguiu então para o Centro Cívico, que concentra as sedes do governo municipal e estadual e a Assembleia Legislativa do Paraná. Lá os manifestantes ergueram suas bicicletas, gesto que simbolizou o pedido ao poder público por mais respeito e para que a bicicleta passe a ser, definitivamente, uma prioridade nas políticas públicas de mobilidade.

A bicicleta é um caminho sem volta. As cidades precisam pensar formas de integrá-las ao trânsito, com a garantia de segurança aos usuários.

Veja as fotos da Bicicletada Nacional em Curitiba

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