O Mercado Municipal de Curitiba decidiu atropelar o bom senso e resolveu ignorar o grande volume de clientes que vão ao local diariamente usando a bicicleta como meio de transporte. Há pouco mais de um mês, quem decide ir ao local pedalando é recebido por um cartaz com letras garrafais e a cara feia dos funcionários do estacionamento – que, antigamente, aceitava abrigar as magrelas em suas dependências.
A decisão partiu da Associação dos Comerciantes Estabelecidos no Mercado Municipal (Acesme), que optou por impedir a entrada de bicicletas alegando não possuir estrutura física e de segurança para isso.
Desde então, as floreiras e postes no entorno do Mercado se transformaram em paraciclos informais, uma vez que o espaço não oferece alternativa condizente com o volume de ciclistas que frequentam o local. Por enquanto, a única alternativa para os ciclistas é estacionar em uma das 5 vagas no paraciclo “quebra-rodas” do Café do Mercado, existente na Rua General Carneiro.
Não é preciso muito esforço para se dar conta de que o estacionamento do Mercado dispõe de espaço ocioso capaz de comportar a instalação de um bicicletário. Além disso, a falta de segurança pode ser contornada com o uso de tikets de controle de entrada e saída – como usado para os veículos — e a eventual cobrança de valores razoáveis pode ajudar a tornar o espaço mais amigo da bicicleta.
Promessa antiga
Há mais de um ano, a prefeitura de Curitiba promete instalar um paraciclo no local para atender a demanda dos ciclistas. A estrutura ficou de fora do recém-concluído projeto de revitalização do local
A ordem para instalação de um módulo de paraciclo nas dependências do Mercado Municipal segue estacionada em alguma gaveta da Secretaria de Obras Públicas. Na última semana a questão foi debatida em reunião entre membros da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu) no gabinete do prefeito e houve o compromisso de “dar andamento” ao projeto.
Procurada, a prefeitura informou, através de sua assessoria de imprensa, que a administração pública “encaminha o processo de licitação de paraciclo para instalação no local”. Ainda de acordo com a prefeitura, “não é possível precisar uma data para a instalação, mas espera-se que o processo esteja concluído até o fim deste semestre”.
Vale lembrar que, no fim de 2012, ainda sob a gestão do prefeito Luciano Ducci (PSB), a prefeitura chegou a anunciar o resultado da licitação para a instalação de 15 novos paraciclos com a criação de 200 novas vagas. A obra foi licitada em 26 de setembro, mas a ordem de serviço nunca foi assinada. A vencedora da licitação nº 75055/2012 foi a Kokot e Irmãos Ltda — mesma empresa que, na primeira etapa, instalou os paraciclos em sete pontos da cidade — a proposta vencedora (de menor valor) ficou em R$ 105.729,41.
Invasão
Em março, um grupo de ciclistas promoveu uma “invasão relâmpago” no Mercado Municipal com suas bicicletas, como forma de protesto pela falta de espaço adequado para estacionamento. A ideia é que a ação volte a ocorrer neste fim de semana e nos próximos, até que uma solução concreta seja oferecida.
Em Porto Alegre, onde havia o mesmo problema, um acordo entre a prefeitura e associações de ciclistas resultou na implantação de um bicicletário público no Mercado Municipal da capital gaúcha. O programa também envolve ações para promover o uso da bicicleta no Centro Histórico e contempla ainda a implantação de uma ciclofaixa e criação de um sistema público de aluguel de bicicletas. A justificativa é de que, além de estimular o uso do transporte não-motorizado entre os porto-alegrenses, a presença dos ciclistas é um passo importante para o resgate da vitalidade e do convívio social no coração da cidade.
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