Quando soube que de fato eu faria a tão sonhada viagem de bicicleta pela África, um amigo — experiente em viagens internacionais de bicicleta — fez questão de me dar uma importante “dica de sobrevivência”.
Ao invés de recomendar que eu tomasse cuidado com o mosquito da malária, evitasse áreas de conflito ou não chegasse perto de animais selvagens, a orientação foi: “Compre uma camisa da seleção brasileira”.
A camisa amararelinha teria, segundo ele, um poder simbólico capaz de cativar a simpatia e a amizade das pessoas. “Isso pode ajudar sempre que for atravessar uma fronteira ou precisar do ‘desembaraço’ de algum burocrata durante a viagem”.
É o que os especialistas em geopolítica e relações internacionais chamam de “soft-power”. Faz sentido. O Brasil exerceu esse poder ao realizar um jogo beneficente da seleção no Haiti. Tem mais efeitos para ganhar o respeito da comunidade internacional do que um desfile de Urutus na Esplanada dos Ministérios.
Fora alguns esteriótipos e preconceitos, nós brasileiros somos vistos lá fora como um povo amigo, alegre e festeiro. Tanto que, em 2011, um ranking elaborado pela rede CNN apontou o brasileiro como o povo mais legal (cool) do mundo.
“Sem os brasileiros não existiria o samba e o carnaval do Rio, o bonito futebol de Pelé e Ronaldo, os minúsculos biquínis e corpos bronzeados da praia de Copacabana e a depilação com cera”, diz o texto da rede americana.
Essa é uma tese antropológica que só poderei comprovar empiricamente enquanto estiver atravessando, de bicicleta, dez países do continente africano. Mas, por via das dúvidas, resolvi seguir a dica.
De fato, para quem vê de fora, ‘Brazil’ é sinônimo de futebol. Vestir a camisa pentacampeã do mundo, portanto, pode ser considerada uma vantagem. (Não que eu ache isso o máximo. Ficaria mais orgulhoso se o país fosse pentacampeão no Prêmio Nobel, mas, por enquanto, é o que temos!)
Como “nunca antes na história deste país” um ciclista atravessou a África de bicicleta, resolvi personalizar a camisa canarinho para homenagear o Tour d´Afrique 2013.
Nas dez edições anteriores, cerca de 400 ciclistas, de 30 diferentes países, já participaram dessa aventura épica. Agora é a nossa vez. Brasil-il-il…
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