Curitiba ganhou recentemente seu primeiro semáforo exclusivo para bicicletas no cruzamento da Mariano Torres com a Afonso Camargo. O equipamento ainda está em fase de testes, mas a demanda reprimida deu repercussão ao fato e o assunto virou notícia na rádio, na tevê e bombou nas redes sociais: em questão de horas, uma foto da novidade no Facebook do blog atingiu 511 “curtidas” e 516 compartilhamentos além de dezenas de comentários elogiando a iniciativa.
Mesmo assim, há gente descontente com a novidade — e não são motoristas incomodados com uma eventual “perda de espaço” nas ruas da capital paranaense. O projeto do semáforo para bicicletas era antigo e foi implantado pelo departamento de sinalização assim que este recebeu os porta-focos, sem informar ou avisar a nova gestão da Secretaria de Trânsito de Curitiba (Setran), que não conhecia o projeto.
Com isso, gente graúda da Setran que se sentiu com o ego ferido está achando ruim a implantação do semáforo para ciclistas e criando um clima de terror com o responsável pela implantação do equipamento, apesar de toda a repercussão positiva.
Mas enquanto a burrocracia da Setran perde tempo e energia buscando explicações sobre o por que algo de bom foi feito pela cidade e pelos ciclistas — ainda que seja apenas um teste, de forma tímida e isolada — a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), de São Paulo, dá mostras de como um trabalho sério e focado pode ser feito para alavancar o uso da bicicleta como modal alternativo.
Há um ano, a CET iniciou um programa para proteger a vida das pessoas que pedalam na capital paulista com a aplicação de multas aos motoristas que desrespeitam a legislação de trânsito. O balanço divulgado na última semana aponta que uma multa é aplicada a cada hora com base em três artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
O primeiro pune quem dirige “sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança”. Outro fala sobre o ato de deslocar o veículo para a faixa mais à direita no instante de manobrá-lo e o último obriga o condutor a reduzir a velocidade antes de ultrapassar um ciclista. Levantamento do blog mostra que, em Curitiba, absolutamente nenhuma multa foi aplicada por desrespeito aos mesmos artigos do CTB. E, apesar do Ministério Público do Paraná (MP-PR) já ter instaurado um procedimento administrativo interno para apurar eventual ilegalidade na omissão da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), não há qualquer sinal de que os agentes passaram a usar o bloquinho e a caneta para proteger quem pedala em Curitiba.
Também em São Paulo, a CET dará início em junho a um programa que oferecerá um curso sobre segurança no trânsito. O projeto Pedalar com Segurança contará com aulas teóricas sobre legislação e segurança no trânsito e aulas práticas em um circuito de ciclovias especialmente criado para o programa.
Ainda em São Paulo, a CET também acelera a implantação dos chamados “Bike Box”, áreas delimitadas no asfalto para isolar, durante a espera do semáforo, os veículos de duas rodas dos demais, que ficam atrás.
Segundo a CET, o objetivo da nova sinalização é melhorar a segurança, “diminuindo o conflito com autos no momento da largada no verde”. As áreas exclusivas ainda passam por período de testes, mas a intenção é expandi-las para outros pontos onde há grande concentração de motos e ciclistas.
Enquanto isso, em Curitiba, a Setran sequer sabe informar quais os pontos da cidade que devem receber novos semáforos para bicicletas. E a nova administração segue batendo cabeça. Criar caso por um semáforo em fase de testes é o maior sinal de que ainda falta foco para a área da ciclomobilidade.
Com informações da Agência Estado e Vadebike.org
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