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Quem anda de bicicleta em Curitiba sabe a situação precária da rede cicloviária da cidade. Mas a prefeitura encontrou um jeito de resolver de uma vez por todas problemas como falta de manutenção, buracos, ausência de planejamento e de sinalização. Como? Simplesmente substituindo ciclovias por calçadas.

Uma obra de revitalização da rua Engenheiros Rebouças está retirando a ciclovia que começa no cruzamento com a Avenida Comendador Franco (das Torres) e liga mais de cinco bairros ao centro da capital. No início dessa semana, uma equipe de obras começou a destruir a já esburacada ciclovia, colocando paver (blocos de concreto intertravado) em seu lugar.

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Ainda que abandonada, cheia de buracos e sem guias rebaixadas, a ciclovia da Engenheiros Rebouças cumpre seu papel fundamental de dar segurança aos ciclistas, em uma via de grande fluxo de carros, ônibus e caminhões. O ideal (e certamente mais barato para os cofres públicos) seria providenciar a recuperação da ciclovia, a sinalização nos cruzamentos e o rebaixamento das calçadas.

Na mesma rua, um pouco mais à frente, na altura do estádio da Vila Capanema, outra obra interrompe a ciclovia e a calçada sem colocar barreira de contenção para proteção de pedestres e ciclistas, que têm que entrar na faixa de rolamento dos veículos para poderem desviar dos buracos.

Quem, apesar de tudo, continua na ciclovia em direção ao Água Verde, dá de cara com um tapume de ferro. A obra privada da Igreja Universal do Reino de Deus, onde antes ficava a antiga fábrica da Matte Leão, no bairro Rebouças, invade o espaço público e impede a circulação de ciclistas e pedestres, no cruzamento com a rua João Negrão.

O tapume colocado na obra está bloqueando quase dois terços da ciclovia, impedindo a visibilidade de quem trafega por ali e obrigando ciclistas a usarem a calçada, representando riscos para os pedestres e para os ciclistas que vêm no sentido contrário.

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Procurada para se pronunciar sobre esses casos, a assessoria de imprensa da prefeitura garantiu que, apesar de estar sendo substituída por calçada de concreto, a ciclovia da rua Engenheiros Rebouças não será desativada.

“Durante as obras do Anel Viário a ciclovia ficará parcialmente interditada para a construção da nova rede de drenagem, rede de iluminação, pavimentação, calçadas e enxovia. Concluída esta etapa, a ciclovia será reconstruída e melhorada. O prazo da obra é de cinco meses”, diz a prefeitura por meio de nota.

Sobre a colocação do calçamento no lugar da ciclovia, a prefeitura informou que esse “foi um erro de execução da empreiteira” e que a obra será interrompida. Um dos encarregados da obra, que não quis revelar seu nome, entretanto, afirmou que o projeto prevê o calçamento de 2,5 quilômetros da rua, até a altura da Arena da Baixada, no Água Verde. Ele não soube informar onde a ciclovia será reconstruída.

Três dias após a resposta da prefeitura, as obras de calçamento continuavam a ser executadas no local. Na manhã de sexta-feira (30), um caminhão descarregava mais blocos de cimento no local.

Sobre os tapumes da Igreja Universal, a prefeitura informou que a concedeu um alvará permitindo a “interrupção parcial da ciclovia e da calçada”. Segundo a assessoria, uma equipe de fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo vai verificar se o tapume está fora do padrão. “Caso não obedeça o que o alvará determinou, a obra será multada”.

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Erro ou omissão?
Ainda que a ciclovia seja preservada e recuperada, cabe questionar: quem pagará pelo erro da empreiteira? Será que a empresa que executa a obra vai arcar com esses custos, abrindo mão de parte do seu lucro? Ou esse “erro” vai recair sobre o bolso do contribuinte? A quem cabe fiscalizar a execução das obras nas vias públicas?

Atualização

Nessa segunda-feira (03/10), quase uma semana após a prefeitura apontar o “erro” da empriteira, funcionários uniformizados continuam no local, instalando a calçada de concreto sobre o antigo pavimento da ciclovia. Agora, entretanto, foi colocada uma barreira de contenção para proteção de pedestres e ciclistas.
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