O discurso favorável à causa da bicicleta e o fato de ter ido à cerimônia de posse pedalando não se refletiram em ações concretas na melhoria da rede cicloviária no primeiro ano de Gustavo Fruet (PDT) como prefeito de Curitiba. Dos recursos disponíveis no orçamento municipal de 2013 para a implantação e revitalização de ciclovias, nem um centavo sequer foi aplicado, conforme levantamento feito pelo Ir e Vir de Bike no Portal da Transparência do município.
O orçamento de 2013, elaborado pela gestão do ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), destinava R$ 540 mil para aplicação nas ciclovias da cidade. Ainda que praticamente irrisório, com esse valor, seria possível, por exemplo, implantar 2,1 quilômetros de novas vias ou recuperar 4,5 quilômetros das vias existentes. Mas, como nada foi feito em 2013, o trabalho ficará acumulado para os próximos anos.
Assim, para cumprir a promessa de criar 300 quilômetros de vias para as bicicletas e recuperar integralmente os 127 quilômetros de ciclovias já existentes até o fim do atual mandato, em 2016, a prefeitura deverá aplicar, em média, R$ 30 milhões por ano.
Porém, apesar do acréscimo de 465% no volume de recursos, o orçamento deste ano garante apenas R$ 3,05 milhões para as ciclovias da cidade — 10% do montante necessário . Assim, se o calendário eleitoral e a Copa do Mundo não atrapalharem e os recursos previstos no orçamento forem aplicados integralmente, Fruet chegará ao meio de seu mandato com o desafio de investir R$ 43,7 milhões em obras de ciclomobilidade em apenas dois anos.
Apenas a revitalização total da rede atual demandaria o investimento de R$ 15,2 milhões. O cálculo tem como base informações repassadas pela própria Prefeitura, que estima em R$ 120 mil o custo por quilômetro para revitalização das ciclovias existentes e de R$ 250 mil por quilômetro de novas vias.
Independentemente da administração, se o Executivo municipal tivesse aplicado integralmente os recursos orçamentários nos últimos quatro anos, seria possível ter recuperado 46,8 quilômetros de ciclovias da cidade, mais de 36% do total existente.
Em um plano de intenções apresentado em setembro de 2013 pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a prefeitura anunciou que pretende investir R$ 90 milhões na criação de 300 quilômetros de vias cicláveis e na recuperação dos 127 quilômetros da malha existente, além de um conjunto de outras ações.
O conjunto de diretrizes vem sendo chamado, erroneamente, de Plano Diretor Cicloviário pela administração municipal. Para ter força de um Plano Diretor, no entanto, o projeto deve ser enviado pelo Executivo para deliberação da Câmara Municipal. Do contrário, o conjunto de propostas não tem garantia de execução e poderá ser alterado pela administração atual ou pelas futuras, sem garantia de que sejam implantados.
Dos pontos apresentados na ocasião, pelo menos três propostas que deveriam ter sido concluídas ainda em 2013 seguem pendentes. Entre elas estão a conclusão da implantação de infraestrutura cicloviária na Avenida Marechal Floriano Peixoto (3,84 km), Linha Verde Sul/Sul (1,76 km) e Avenida Comendador Franco (19,2 km, nos dois sentidos), programada para outubro de 2013; instalação de 25 conjuntos de paraciclos, criando 150 vagas em parques e praças; e, o manual de infraestrutura cicloviária, documento com descrição técnica dos tipos de vias cicláveis a serem implantadas na cidade, unificando padrões e procedimentos (previsto para outubro de 2013).
Procurada, a prefeitura de Curitiba não retornou aos questionamentos sobre a execução orçamentária até o fechamento deste post. As informações serão adicionadas ao texto assim que forem repassadas pela assessoria de imprensa.
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