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Contra uma sociedade egoísta, a luta pelo bem comum. Contra o individualismo, a união. Contra a apatia, a mobilização cidadã.

As últimas manifestações promovidas pelos ciclistas em Curitiba, como a Marcha das 1.000 Bicicletas e o protesto contra o circuito ciclístico de lazer, no último domingo (23), trouxeram a bicicleta para o centro do debate, pautando a agenda da administração pública municipal e os meios de comunicação.

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A mobilização dessa massa crítica trouxe um sopro de esperança à terra dos pinheirais, que reverberou na cobertura de jornais, rádios, tevês, sites, blogs e nas redes sociais — ao mesmo tempo em que provocou certo temor naqueles que se opõe a quaisquer mudanças sociais ou políticas.

Mas, onde alguns veem uma potencial ameaça, muitos percebem florecer uma primavera sobre duas rodas, em um empenho legítimo e democrático da sociedade civil na tentativa humanizar a cidade, com a reconquista dos espaços urbanos por seus cidadãos.

Sem líderes ou estatutos, sem siglas ou candidatos, o cicloativismo tem como única bandeira a defensa intransigente da Bicicleta e do direito de ir e vir sobre duas rodas, mesma ideologia que move cidadãos em mais de 325 cidades ao redor do planeta, uma vez por mês.

A Bicicletada serve para divulgar a bicicleta como um meio de transporte, exigindo a criação de condições favoráveis para o uso deste veículo, tornando mais ecológica e sustentável a mobilidade das pessoas nos grandes centros urbanos.

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Isso ficou evidente quando 1,2 mil ciclistas ocuparam as ruas da cidade no Dia Mundial Sem Carro. Ou quando os mais de 300 manifestantes ignoraram solenemente as faixas vermelhas pintadas pela prefeitura, mostrando-se contrários às políticas que ainda consideram a bicicleta um instrumento de lazer – para ser usado apenas uma vez por mês – e não um meio de transporte.

Na tentativa de desqualificar o movimento, meu colega jornalista e blogueiro Fábio Campana, tentou, ardilosamente, associar a imagem do movimento à baixeza das disputas político-partidárias de Curitiba.

Mas, diferentemente da Ciclo-farsa, a Bicicletada não foi orquestrada. Nela não havia nenhum mercenário com soldo pendurado na folha do estado, muito menos estagiários e comissionados “convidados” para serem monitores do protesto – ao contrário daqueles que foram “voluntariamente” obrigados a perder um domingo de descanso para segurar placas de sinalização de um circuito ciclístico que ninguém teve sequer a coragem de inaugurar oficialmente.

O único pedido de votos durante todo o protesto foi ao movimento VotoLivre.org, que busca reunir apoio para um um projeto de iniciativa popular, com o objetivo de implantar a bicicleta como modal de transporte na cidade sem a necessidade de eleger diretamente um representante.

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O Voto Livre já reune quase 10 mil votos — mais da metade dos vereadores de Curitiba foram eleitos com votação inferior a essa em 2008 –, e tem como lema “Vote em ideias, não em pessoas”.

Às afirmações de que “os ciclistas furaram sinais vermelhos, discutiram e brigaram com motoristas”, Campana foi desmentido, ponto a ponto, pelo comentário de um leitor.

Aliás, Campana foi desonesto com os próprios leitores ao diminuir em um terço o número de manifestantes — onde havia mais de 300, ele informou que eram “apenas” 100.

O escriba também interpretou com má fé texto publicado neste blog, onde exalto a lição de cidadania da “Sociedade Civil sobre duas rodas”. Confundiu a luta por uma cidade mais humana e sustentável com barbárie. Faltou-lhe a capacidade de entender os mecanismos de funcionamento de uma Democracia madura.

Mas, como Campana não esteve na Bicicletada do último domingo, não descarto que seu texto tenha sido apenas resultado de falta de rigor na apuração jornalística. Ossos do ofício. Nada que uma errata não resolva.

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Do contrário, teremos automaticamente o primeiro paranaense indicado ao Prêmio Relincha Brasil de Desonestidade Intelectual 2011.

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