Aviso: o título promete algo que não será entregue ao longo do post. Na prática, não existe fórmula mágica capaz de garantir 100% de segurança para uma bicicleta estacionada em locais públicos. Mas, uma boa tranca e alguns cuidados podem diminuir consideravelmente os riscos. É disso que vamos falar.
O blog Priceonomics resolveu estudar a fundo o mercado negro das bicicletas roubadas em São Francisco. A análise, feita para a cidade californiana também vale para qualquer metrópole brasileira: “se você deixar sua bicicleta destrancada, ela será roubada. Se você usar um cadeado normal de segurança para proteger a sua bicicleta, em algum momento, ela será roubada mesmo assim. A menos que você tranque sua bike com aqueles cadeados medievais, sua bike vai ser roubada nas ruas da maioria das cidades. E mesmo se você tomar essas precauções fortes, ainda assim, corre o risco de ter a bike roubada”. (Leia o original aqui e a versão em português, traduzida pelo site Ciclismo.esp.br)
Há uma lógica econômica por trás dos furtos de bicicletas. Ainda que o retorno financeiro seja bem menor que o de outros crimes – furtos de celulares, de carteiras ou tráfico de drogas, por exemplo — a vantagem está no baixíssimo risco que a atividade oferece. “Para efeitos práticos, roubar uma bicicleta é um crime praticamente livre de riscos. Na real, o que acontece é que a chance de ser pego roubando uma bike é quase zero e, se for, as consequências são mínimas”, aponta o estudo.
Vale lembrar que nem mesmo países em países onde a cultura da bicicleta e a segurança pública são exemplares — como Holanda e Alemanha, por exemplo — existe total segurança para quem deixa a bicicleta estacionada em locais públicos. (Estamos falando de furtos de bicicletas estacionadas, que não envolvem ameaças e/ou violência física).
A regra básica é dificultar ao máximo a vida do ladrão, que sempre escolherá aquela bicicleta que oferecer maior “custo/benefício”. Ou seja, aquela que é mais fácil de ser roubada (menos risco de ser pego) e maior lucro na revenda.
O estudo do Priceonomics divide os criminosos entre amadores e profissionais. O primeiro grupo é formado pelos chamados oportunistas – que agem quando encontram uma bicicleta dando sopa para conseguir fazer dinheiro rápido. Em geral, são viciados em drogas que trocam a bicicleta roubada por dinheiro para sustentar o vício. Em sua, sua amada magrela vira fumaça de meia dúzia de pedras de crack.
No segundo grupo, os chamados “especislistas”m que têm como alvo bicicletas mais caras e sofisticadas. Eles escolhem bem o que vão roubar, usam ferramentas especiais, costumam revender os equipamentos por um preço próximo ao valor de mercado e aceitam “encomendas”. “Você pode cortar uma u-lock em um minuto e meio, com as ferramentas certas. Roube três bikes e venda em Los Angeles por U$ 1.500 cada e você está ganhando um bom dinheiro”, compara um comerciante americano.
Ainda não tive o desprazer de chegar ao local em que deixei minha bicicleta estacionada e não encontrá-la. Mas tenho muitos amigos que já passaram por isso. Mas também não faço do risco de ter a bicicleta furtada um impeditivo para usá-la – motoristas também podem ser abordados no sinal ou ter o veículo estacionado roubado.
Para minimizar os riscos, procuro não deixar a bicicleta em locais com pouca circulação de pessoas. Para prendê-la, uso de forma conjunta um cadeado modelo u-lock (que levo no bagageiro) com um cadeado de cabo de aço e cadeado (que vai preso em um suporte no canote do selim).
A desvantagem do primeiro modelo é que ele pode ser arrombado com um pé-de-cabra ou serrado. A do segundo é que ele pode ser cortado com um alicate ou aberto com uma chave micha. Para levá-la como prêmio, o ladrão de bicicletas terá de andar por aí com algumas dessas ferramentas e querer muito, muito mesmo, uma bicicleta como a minha.
Bike roubada. O que fazer?
A primeira providência a ser tomada por quem teve a bicicleta roubada é fazer um boletim de ocorrência na Delegacia de Furtos e Roubos. Mesmo que isso acabe não resultando em nada em termos práticos, ele é um documento importante caso você reconheça sua bicicleta com outra pessoa. Além disso, o BO acaba gerando estatísticas que, em um mundo ideal, pode determinar ações estratégicas do poder público em pontos com maior número de ocorrências.
Antes de mais nada, tenha anotado em algum lugar o número de série de sua bicicleta (é o número do “chassi”, que está gravado em algum lugar no quadro). Ele é usado para identificar a sua bicicleta. Ao fazer o BO, é importante que esse número seja informado. Se tiver a nota fiscal da bicicleta, melhor ainda.
Cadastro de bikes roubadas
No Facebook, foi criado o grupo Alerta de Bikes Roubadas Curitiba, com a finalidade de divulgar casos de furtos e roubos na cidade. Quem passou pelo problema, pode postar a foto da bicicleta, com detalhes e localização para eventual reconhecimento da magrela.
Importante: por questões de segurança, toda e qualquer tentativa de recuperar a bicicleta roubada deve ser feita apenas pela polícia, com base no registro do Boletim de Ocorrência.
Rastreador
Nos Estados Unidos, uma empresa criou o SpyBike, um sistema de segurança que permite o rastreamento, via GPS, de bicicletas roubadas. O dispositivo – do tamanho de um fone de ouvido – é instalado no quadro.
Se o sistema não for desativado pelo usuário com uma chave especial, o sensor inicia o rastreamento, que envia ao dono uma mensagem SMS de alerta. O sistema faz o upload das coordenadas de localização da bicicleta e o usuário pode então informar a polícia.
O serviço de monitoramento é gratuito, mas os usuários têm que equipar a unidade com um chip de celular (SIM Card), que cobra pelo uso dos dados. O equipamento custa US$ 153,58 (cerca de R$ 325), além do pacote de dados da operadora de telefonia.
Dicas de segurança:
– Prenda, preferencialmente, o quadro e as rodas da bicicleta em um local fixo;
– Procure usar mais de um sistema de segurança;
– Evite correntes e cadeados comuns; eles podem ser facilmente abertos com o uso de chave micha;
– Dê preferência aos cadeados de cabo de aço. Quanto mais grosso e resistente, melhor;
– Use trancas com chave tetra ou chaves especiais (com código), que são mais difíceis de serem violadas;
– Use adesivos para esconder a marca. Bicicletas “surradas” costumam chamar menos a atenção do que um que expõe marcas internacionais cobiçadas;
– Retire as partes móveis da bicicleta e acessórios (selim com blocagem, ciclocomputador, bolsas e faróis);
E, se nada disso der certo, tome atitudes drásticas
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