• Carregando...
Sindicato oficializa pedido de “suspensão imediata” da ciclopatrulha da Setran
| Foto:
Reprodução
Ofício do sindiUrbano-PR pede suspensão imediata da ciclopatrulha.

O Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Estado do Paraná (SindiUrbano-PR), que representa os agentes de trânsito da capital, enviou nessa terça-feira (13) um ofício à Secretaria de Trânsito de Curitiba (Setran) no qual pede a “suspensão imediata” do uso da bicicleta nas atividades de fiscalização do trânsito de Curitiba.

O sindicato argumenta que a atividade não é regulamentada pelo acordo coletivo de trabalho e solicita a viabilização de estudos e criação de uma comissão formada por membros do SindiUrbano-PR, da unidade de medicina do trabalho e da Cipa da Ubrs, além de membros da Setran, para analisar questões de segurança e garantir a integridade física dos trabalhadores.

A restrição do sindicato veio à tona após o atropelamento do agente Carmo, membro da ciclopatrulha, por um taxista na última quinta-feira (8), na Rodoferroviária de Curitiba. O acidente, entretanto, ocorreu enquanto o agente estava sobre uma faixa elevada de pedestres, não tendo qualquer relação com o uso da bicicleta.

O diretor de fiscalização da Setran, Adão José de Lara Vieira, informa que, diferentemente do que foi dito pelo sindicato, no momento do atropelamento o agente Carmo não estava sequer empurrando a bicicleta. Segundo ele, o veículo havia ficado estacionado e o agente estava a pé, na condição de pedestre.

“Após o atropelamento, um agente da Setran lavrou um auto de infração contra o taxista, enquadrando-o no artigo 214 do CTB”, afirma. Esse artigo tipifica como infração gravíssima deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não motorizado que se encontre na faixa a ele destinada ou que não haja concluído a travessia mesmo que ocorra sinal verde para o veículo. Segundo Lara, o taxista foi multado em R$ 191,54 e terá 7 pontos registrados em sua carteira de habilitação.

Alexandre Costa Nascimento/Ir e Vir de Bike
Agentes da ciclopatrulha da Setran têm o poder de fiscalizar e multar infrações de trânsito, inclusive as cometidas contra os ciclistas. Mas não o usam…

“Não há qualquer relação entre o episódio e o trabalho da ciclopatrulha. O trabalho dos agentes é feito com preparo e toda garantia de segurança e tem por objetivo fazer o motorista curitibano entender melhor o papel da bicicleta no trânsito da cidade”, garante o diretor.

O secretário municipal de Trânsito, Marcelo Araújo, afirma que todos os agentes da ciclopatrulha são voluntários e que se sentem aptos para realizar o trabalho. “A legislação não restringe a forma de se fazer a fiscalização. O agente de trânsito pode fiscalizar à pé, de moto ou carro. A partir do momento que se aceitar a tese de que a bicicleta não adequada, abre-se o precedente para que se questione a cilindrada da motocicleta ou a diferença da Kombi ou do Gol como viatura”, diz.

Ainda de acordo com o secretário, os agentes possuem todos os equipamentos de segurança previstos como obrigatórios para circulação em bicicletas, além de capacete, paralamas e uniforme adequado. “Tudo foi pensado para garantir a segurança e o conforto dos agentes. Desde que assumi a secretaria, sempre houve o diálogo amplo e respeitoso com os trabalhadores e com o próprio sindicato. Talvez nunca se tenha estado tão aberto para o diálogo. É de se estranhar que haja essa radicalização, com esse tipo de exigência”, avalia.

O secretário diz que não deve acatar o pedido do sindicato e que encaminhará a demanda ao departamento jurídico da Setran e à procuradoria do município.
“Independentemente de qualquer coisa, já estamos colocando em prática o exame médico dos agentes. Como a convenção coletiva será negociada em maio, os representantes do sindicato já foram recebidos por mim. Nunca houve qualquer restrição ao diálogo”, garante.

“Se tivesse colocado um Porsche como viatura, certamente não teria havido um impacto tão grande. Com apenas essas quatro viaturas estamos fazendo um trabalho inovador e resgatado a auto-estima dos agentes e da própria cidade”, diz o secretário.

Palavra dos agentes

Sobre a situação da ciclopatrulha, o agente Cristian Charles Silva, que interga a equipe, disse:

“Para mim, o que falta na atividade são uniformes adequados e talvez algumas padronizações quando do uso da bike. Mas isto, com diálogo e com tempo, serão acrescentados. A ação do sindicato não se baseia em informaçães corretas, mais uma vez. Concordo com o Agente Adilson José de Meira, se estavam preocupados com a segurança dos agentes, por que não interviram antes?”

O agente da Setran Marcio Rodrigo Krul escreveu ao blog para manifestar apoio ao trabalho da ciclopatrulha:

“Apoio a decisão de permanecer com a ciclopatrulha, tal fato é de comum acordo entre os agentes de trânsito. A ciclopatrulha favorece e agiliza os atendimentos em casos de colisões, atropelamentos ou coisas que atrapalhem o fluxo de veículos/pedestres, não somente a fiscalização. Para a cidade conhecida como a Capital Ecológica, esta na hora de mostrarmos como se faz , e não apenas dizer ‘façam…’”.

Já o agente Adilson José de Meira, também em mensagem ao blog, escreveu:

“Fico muito triste pelo ocorrido ao colega Carmo, mas o que me deixa mais triste ainda é a falta de discernimento por parte do Sindiurbano, pois o fato do agente ser ciclista foi usado como justificativa para o pedido de suspensão da ciclopatrulha.

Entendo que o Sindicato esteja preocupado com os trabalhadores, mas, por que, então, não fez o pedido antes? E os motociclistas não correm risco? Até os agentes que fazem o trabalho a pé correm risco de atropelamento”.

A agente Marcia, também postou o seguinte comentário aqui no blog:

“Sou agente e estou indignada com essa atitude do sindicato que mais uma vez joga nosso trabalho na lata do lixo. A ciclopatrulha nos ajuda muito, os agentes são prestativos e sei que estão por vontade própria, ninguém os obrigou a desenvolver essas atividades”.

O agente Stark, que se ofereceu como voluntário ao trabalho da ciclopatrulha, considera que os riscos envolvidos no trabalho de bicicleta é mesmo para o agente que está a pé, de motocicleta ou na viatura. Ele garante que o uso das bicicletas favorece o trabalho de fiscalização.

Na ocasião do lançamento da ciclopatrulha, o agente Fernando César Figueredo, um dos bikers da Setran, fez questão de ressaltar o papel pedagógico do uso da bicicleta no trânsito curitibano. “Vamos começar com um trabalho orientativo, porque o curitibano ainda não tem essa cultura da bicicleta. Com o passar do tempo, a nossa intenção é que a população passe a respeitar o ciclista”, diz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]