• Carregando...
Um ciclista morre a cada dois dias no trânsito do Paraná
| Foto:
Colaboração/Rede Massa
Bicicleta do ciclista Osmar da Cunha, morto em atropelamento da Avenida das Torres em agosto. Motorista de Audi A3 dirigia bêbado e em alta velocidade.

Nos últimos onze anos, mais de 1,8 mil ciclistas morreram vítimas de acidentes de trânsito no Paraná. A média no estado é de um acidente fatal a cada dois dias. É como se a cada um ano e um mês se repetisse a tragédia do Airbus da TAM, que caiu em Congonhas, em 2007, matando 199 pessoas naquela que é considerada a maior tragédia da aviação brasileira.

Segundo levantamento feito com exclusividade pelo Ir e Vir de Bike, o Paraná é o segundo estado mais violento do país para os usuários de bicicleta, com 144 mortes em 2010. São Paulo lidera o ranking com 277 acidentes fatais.

De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DataSUS), do Ministério da Saúde, o Paraná é responsável por um de cada dez acidentes fatais envolvendo ciclistas em todo o país.

Dentre as capitais, Curitiba é a 6ª mais perigosa para as bikes. Na capital paranaense morreram no ano passado 23 ciclistas. São Paulo e Rio de Janeiro encabeçam a lista com 36 mortes cada uma.

Na comparação com as outras capitais da região Sul, Curitiba é de longe a mais violenta e concentra 67% dos acidentes fatais, seguida por Porto Alegre (9) e Florianópolis (2).

Um dado positivo é que os índices de mortalidade de ciclistas em Curitiba caiu quase pela metade nos últimos 5 anos, com uma queda de 44 óbitos em 2005 para 23 mortes em 2010, uma redução de 48%. No Paraná a redução foi de 22% nesse mesmo período.

Na última semana a Gazeta do Povo publicou reportagem mostrando que 2010 foi o ano mais violento para o trânsito paranaense. O estado registrou 3.433 mortes, uma média de 9 mortes por dia, o maior índice em acidentes automobilísticos desde 1996.

Desse total, cerca de 4% eram ciclistas. No ranking geral de mortes no trânsito o estado ficou na quinta colocação. Em dez anos, houve um crescimento de 37% no número de óbitos de trânsito no estado.

Óbitos de ciclistas

Número de ciclistas mortos no Paraná nos últimos dez anos equivale ao de vítimas do furacão Katrina, que devastou a costa sudeste dos Estados Unidos em 2005. Média no estado é de um acidente fatal a cada dois dias.

Curitiba: 346 mortos em 11 anos

Paraná: 1.811 mortos em 11 anos

Mortes por tipo de acidente

*Dados parciais, de janeiro a outubro de 2011, com base apenas nos atendimentos contabilizados pelo Corpo de Bombeiros.

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DataSUS) e Sistema Digital de Dados Operacionais (SysBM-CCB) do Corpo de Bombeiros/ Polícia Militar do Paraná.

Causas e feitos
Fatos como esse ficam mais fáceis de serem entendidos em um estado que permite o anúncio de cachaça a beira de uma rodovia pedagiada (BR-277) com os dizeres “tá na hora de beber” em letras garrafais e um tímido “Se beber não dirija” no canto inferior.

Elcio Thenorio / www.rodaslivres.com.br
Um convite a irresponsabilidade na BR-277, no trecho Ponta Grossa-Curitiba: tá na hora de tomar cachaça, dirigir e aumentar os índices de mortes no trânsito.

Algum imbecil pode até querer argumentar para defender uma suposta “liberdade de expressão” do anunciante. Mas nada me tira da cabeça que há uma relação direta de causa e efeito entre a tolerância com ações irresponsáveis como a desse anúncio e o elevado número de trânsito nas nossas ruas e estradas.

Enquanto o governo estadual e federal, agências de publicidade, agências reguladoras, concessionárias de pedágio e Ministério Público forem cúmplices desse tipo de crime, os índices de mortalidade no trânsito do estado tende apenas a aumentar.

Esperança
Na última semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou um projeto de lei que aumenta as penas para motoristas que forem pegos dirigidos sob o efeito do álcool.

De acordo com o texto aprovado, os motoristas alcoolizados que provocarem a morte de alguém poderão cumprir penas de dez a 16 anos. Se o acidente provocar lesões gravíssimas, os motoristas estarão sujeitos a penas de oito a 12 anos.

Nos casos de lesão corporal grave, a pena passará a variar de três a oito anos, e as leves de um a quatro anos. Aqueles que forem pegos apenas dirigindo sob efeito do álcool, serão os únicos a ficarem sujeitos a atuais penas de seis meses a três anos.

Atualmente a pena é única, variando de seis meses a três anos para casos de homicídio no trânsito.

A proposta também acaba com a obrigatoriedade do teste do bafômetro para a comprovação da embriaguez dos condutores de veículos. Fica autorizado o uso de imagens e provas testemunhais para comprovar a condição do motorista que se recusa a fazer o teste do bafômetro.

Em agosto desse ano, o ciclista Osmar da Cunha foi atropelado e morto na Avenida das Torres, quando ia para o trabalho de bicicleta.

O motorista, promoter de boate Savo Cicilovic dirigia em alta velocidade seu Audi A3. O veículo já havia sido autuado duas vezes por excesso de velocidade, de acordo com dados do Departamento de Transito do Paraná (Detran-PR).

Na hora do atropelamento, às 6 horas da manhã, Cicilovic estava bêbado. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas a situação foi confirmada pelos policiais.

_________________________o>°o
Pedale com o blog
Siga as atualizações pelo Twitter.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]