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“Tudo em São Paulo é mega: para o bem ou para o mal”. Dessa vez, a cidade mostrou sua face boa. A cidade que nunca para, parou; e fez isso para dar passagem às bicicletas.

A Marginal Pinheiros, uma das principais vias de tráfego da cidade, ficou fechada para o trânsito de veículos na manhã dessa segunda-feira (25) para realização de uma pedalada que reuniu mais de 8 mil ciclistas em comemoração aos 458 anos da cidade.

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E evento fez parte do World Bike Tour (WBT), um projeto que percorre diversas cidades ao redor do mundo para promover o uso das bicicletas como meio de transporte sustentável e o uso de energias limpas e renováveis.

Os participantes percorreram cerca de 11 quilômetros do percurso entre a Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira, na região do Morumbi, até a USP, na Cidade Universitária.

Quem conhece São Paulo sabe que não há vida nas marginais: até os rios Pinheiro e Tietê, que dão nome às vias que os margeiam, estão mortos. Ali impera o tráfego intenso, quilômetros de congestionamento e milhares de carros, ônibus e caminhões cuspindo fumaça preta no ar já carregado.

Mas esse cenário ganhou um sopro de vida. Ainda que por apenas algumas horas, eram menos 8 mil carros e mais 8 mil bicicletas. A sensação de pedalar ao lado dessa massa é realmente única e indescritível. Ainda mais ocupando, com a bike, uma das principais artérias de tráfego da maior metrópole da América Latina.

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São Paulo, aliás, tem dado sinais importantes de inclusão da bicicleta no seu planejamento. A criação da ciclofaixa de lazer, de ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas têm ajudado a inserir a bicicleta no contexto urbano.

A capital paulista tem até semáforos específicos para os ciclistas – e isso não é resultado de um protesto dos cicloativistas paulistanos, muito menos considerado crime ou vandalismo pela Prefeitura. Ao contrário, o sinal verde para as bicicletas como iniciativa do poder público é simbólico e autoexplicativo.

Mas nada representa melhor a importância de eventos como esse do que o comentário que ouvi de um paulistano de meia idade enquanto pedalava pela Marginal Pinheiros. Em um momento de epifania, ele virou para o lado e exclamou: “Puxa vida, é verdade! Se mais pessoas andarem de bicicleta, os congestionamentos acabam!”. Simples e profundamente verdadeiro.

World Bike Tour

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Essa foi a quarta edição do WBT em São Paulo. Cidades como Madri, Lisboa e Porto (Portugal) também recebem o evento. Neste ano, a cidade do Rio de Janeiro também passará a integrar o calendário do WBT, em abril.

Para participar do WBT, os interessados tiveram que fazer um pré-cadastro e participar de um sorteio. Apenas os contemplados puderam se inscrever para o evento. Nessa edição, as “licenças”, ao custo de R$ 200 cada, se esgotaram em poucas horas.

Como ocorre todos os anos, a inscrição deu direito a uma bicicleta, criada pela Caloi especialmente para o evento. As bicicletas foram entregues poucas horas antes da largada. Segundo os organizadores, foram usadas mais de 30 carretas para levar as 8 mil bicicletas até o local de início da prova durante a madrugada.

Nos dias que antecederam o passeio, São Paulo também recebeu uma feira dos promotores do WBT. O evento deu orientações para promover a prática de atividades esportivas e contou com um projeto colaborativo de “volta ao mundo”, em que voluntários pedalaram bicicletas estáticas, acumulando quilometragem equivalente a uma volta ao redor da terra. Durante as pedaladas, um sistema gerava energia elétrica para alimentar projetores de cinema com filmes sobre sustentabilidade.