A reforma da Previdência foi aprovada em primeiro turno com o voto favorável de 379 dos 513 deputados federais. Ao longo da votação do texto-base no plenário da Câmara, entretanto, foram apresentados e votados diversos requerimentos que permitem refinar a análise sobre qual foi o real engajamento de cada parlamentar na aprovação ou na oposição à reforma.
Ao olhar para essas 27 votações que precederam o texto-base, pesquisadores do Observatório do Legislativo Brasileiro colocaram em uma escala os deputados que mais entregaram apoio ou oposição à proposta do governo. Entre os parlamentares do Paraná, quem mais defendeu o texto em plenário foi Paulo Eduardo Martins (PSC).
LEIA MAIS: Reforma tributária, Previdência e “protagonismo”: o que esperar do Congresso no 2.º semestre
A análise do Observatório colocou cada parlamentar em uma escala de apoio à reforma, de -10 a 10: deputados com pontuações maiores tiveram atuação mais favorável à reforma; já notas menores indicam atuação contrária. Nessa escala, Paulo Martins ficou com 9,8, nota muito superior à do segundo deputado paranaense que mais entregou apoio à reforma, Evandro Roman (PSD), com 4,9.
O cientista político Fernando Meireles, um dos responsáveis pela pesquisa, explica que esses requerimentos votados em plenário buscavam alterar, postergar ou retirar de pauta a análise da reforma. Por isso, a análise do posicionamento de cada deputado nessas votações por meio de um algoritmo permite a identificação de parlamentares que se posicionaram com mais consistência em defesa ou oposição à reforma.
Um dos principais achados da pesquisa foi a confirmação de algo que já havia sido percebido por parlamentares e analistas políticos: a reforma da previdência transcendeu a clivagem clássica entre governistas e oposicionistas. Havia apoiadores da reforma fora da base e aliados do governo contrários ao texto. O recorte paranaense dá conta de mostrar esse fenômeno.
Paulo Eduardo Martins, por exemplo, apesar de ocupar com certa folga o posto de defensor mais ferrenho da reforma no Paraná, não é do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Outro achado interessante da pesquisa foi apontar como aliados ligados às carreiras militares não entregaram um apoio sólido à Proposta de Emenda à Constituição. No Paraná, Sargento Fahur (PSD) é um bom exemplo. Bolsonarista de quatro costados, ele ficou mais próximo de deputados contrários à reforma, como Gustavo Fruet (PDT), que de Paulo Martins. O resultado ilustra o dilema desses parlamentares que ficaram entre o apoio ao governo e a defesa dos interesses de suas classes.
Acompanhe o blog no Twitter.