Desde que a reforma da Previdência chegou ao Congresso Nacional, em fevereiro, os deputados federais têm sido procurados por representantes de diferentes grupos de representação de classes profissionais que buscam condições especiais de aposentadoria. Como a reforma é ampla e atinge as iniciativas privada e pública, o lobby no Congresso vai desde centrais sindicais aos altos cargos públicos, como as associações de magistrados.
O blog conversou com dez dos 30 deputados federais do Paraná, e o relato da maioria é de que o lobby mais forte foi o ligado às forças policiais. Parlamentares paranaenses relataram terem recebido pedidos de alteração no texto da reforma de policiais militares, civis, federais, rodoviários federais e também de guardas municipais.
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De fato, o lobby das forças de segurança é evidente nos corredores do Congresso Nacional. Apesar de nenhum deputado paranaense ter apresentado individualmente emenda à reforma no sentido de beneficiar as forças de segurança, parlamentares de outros estados o fizeram e bancadas partidárias articulam aposentadoria especial para os policiais. Nos últimos dias, o PSD e o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, anunciaram que vão apresentar destaques para que essas categorias tenham tratamento especial na reforma.
Do Paraná, esteve em Brasília, por exemplo, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná, Daniel Fagundes. Em uma manifestação contra a reforma em frente ao Congresso, ele disse que a luta de policiais não é por privilégios.
“Nós não estamos em Brasília hoje atrás de privilégios, porque se existe uma categoria de servidor público no Brasil que não tem nenhum privilégio, é o policial, de qualquer categoria, mas principalmente o Policial Civil”, afirmou.
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Quem também esteve em Brasília pressionando os deputados foi o presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Curitiba, Luiz Vecchi. O objetivo da categoria é conseguir aposentadoria especial e, como isso não foi acatado no relatório da Comissão Especial, os sindicalistas pressionarão pela apresentação de destaques ao texto.
Além das forças de segurança, deputados do Paraná relatam terem sido procurados por representantes de magistrados – estaduais e federais – e servidores da Receita Federal e da Abin.
Por outro lado, também houve articulação favorável à aprovação da reforma. Quem assumiu esse papel no Paraná foi o G7, grupo que reúne representantes do setor produtivo, que enviou uma carta aos parlamentares defendendo a aprovação do texto enviado pela equipe econômica do governo.
Pelo relato dos deputados, a maior parte das entidades que têm buscado defender interesses de classe é ligada ao setor público, justamente onde há mais ressalvas e condições especiais de aposentadoria.
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