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No domingo (20), o pastor Emerson Patriota, da Igreja Presbiteriana Central de Londrina, no Paraná, conclamou os fiéis que assistiam ao culto a assinarem a ficha de apoiamento à criação do partido Aliança pelo Brasil, legenda que o presidente Jair Bolsonaro tenta tirar do papel. Do altar, o pastor informou que havia um ônibus do partido no estacionamento da igreja e um espaço do templo destinado à coleta de assinaturas e apresentação do programa partidário aos fiéis interessados.
A organização da atividade partidária dentro do templo religioso foi responsabilidade do deputado federal Filipe Barros (PSL), um dos principais apoiadores de Bolsonaro no Congresso Nacional. Londrinense, Barros frequenta a Igreja Presbiteriana Central de Londrina.
“Nós assumimos o compromisso com o Filipe Barros de, como igreja, orar por ele, por sua missão. É muita luta, trevas contra a luz de Cristo e nós temos que cobri-lo com orações”, afirmou o pastor ao pedir aos fiéis apoiassem a criação do partido.
Barros defende a ação realizada na igreja. Segundo ele, a participação dos cristãos na política é natural e qualquer objeção a isso é “preconceito”, “cristofobia” e “tentativa de impedir que os cristãos participem da vida política”.
O deputado afirmou não haver nenhuma ilegalidade no ato e disse que já está em contato com outros pastores para fazer eventos de coletas de assinatura para o Aliança pelo Brasil em outras igrejas do Paraná.
Recentemente, o deputado foi umas das principais vozes do movimento “Tirem o PT do altar”, que foi capitaneado por católicos de Londrina. Questionado sobre uma possível incoerência de posicionamentos ele explicou que a Igreja Católica proíbe esse tipo de manifestação, já a Presbiteriana, não. “Na minha igreja a gente acredita que é papel do cristão participar da vida política”, afirmou.
A formalização da Aliança pelo Brasil ainda no começo deste ano é fundamental para Filipe Barros conseguir lançar sua candidatura à prefeitura de Londrina. Da ala bolsonarista do PSL, ele rompeu com o comando do partido para ficar do lado do presidente Jair Bolsonaro e, caso a nova legenda não esteja instalada ainda no primeiro semestre de 2019, ele não terá espaço para disputar as eleições de outubro pelo PSL e deverá rever os planos ou procurar uma nova sigla.
Ajuda dos cartórios
No convite aos fiéis para se filiarem à Aliança pelo Brasil, o pastor Patriota informou que funcionários de um cartório de Londrina estavam na igreja para ajudar nos trâmites burocráticos do apoiamento ao partido. Filipe Barros confirma essa informação. Segundo ele, a presença desses funcionários foi liberada por um ato do Tribunal de Justiça do Paraná.
De fato, uma decisão assinada em 17 de janeiro pelo corregedor-geral de Justiça do Paraná, desembargador José Augusto Gomes Aniceto, permite que “notários paranaenses, quando solicitados, possam dirigir-se aos eventos destinados à criação de partidos políticos, para realizarem reconhecimento de firma nas fichas de apoiamento disponibilizadas por cada partido”.