Desde 2004, quando Beto Richa (PSDB), então vice-prefeito de Curitiba, assumiu interinamente a prefeitura e reduziu a passagem de ônibus de R$ 1,90 para R$ 1,65 e com isso ganhou cacife para se eleger prefeito meses depois, ficou evidente o poder eleitoral que tem o transporte coletivo de Curitiba. Desde então, dar ou retirar apoio ao sistema de ônibus da capital virou ferramenta para consolidar alianças e inimizades políticas.
Em 2018, a governadora e candidata Cida Borghetti (PP) tem mantido essa tradição de usar os ônibus para fins eleitorais.
Nessa segunda-feira (13), o prefeito Rafael Greca (PMN), aliado de Cida, comemorou o anúncio da implantação de internet gratuita nas estações tubo entre o Santa Cândida e a Praça do Japão. A medida, como Greca deixou claro em uma postagem em seu Facebook, é um oferecimento de Cida Borghetti, por meio da Copel Telecom. O prazo de implantação é de 40 dias. O plano, portanto, é instalar o wi-fi poucos dias antes do primeiro turno das eleições.
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Essa não é a primeira ajuda de Cida ao transporte da capital. Em julho, o governo anunciou um subsídio de R$ 71 milhões. Esse repasse foi determinante para tapar um rombo no sistema que se estima ser de cerca de R$ 80 milhões apenas em 2018.
É claro que essas duas medidas são, em essência, positivas para o transporte – se não fosse assim, não teriam potencial eleitoral. O problema é que com essa postura de ajudar o sistema apenas em períodos de campanha eleitoral, governo do estado e prefeitura submetem a subsistência financeira do sistema e a qualidade de vida de quem depende dos ônibus a seus objetivos eleitorais.
DESEJOS PARA O PARANÁ: Planejamento de longo prazo
O exemplo cabal dessa dinâmica foi quando o então governador Beto Richa anunciou a volta da integração e do subsídio ao transporte um dia após a vitória de Rafael Greca na disputa pela prefeitura de Curitiba, em 2016.
A ajuda do governo começou durante a gestão de Luciano Ducci (PSB), aliado de Richa, e foi interrompida quando Gustavo Fruet (PDT), desafeto do ex-governador, assumiu o comando da capital. Ao retomar a ajuda com o retorno de um aliado ao palácio 29 de Março, Richa escancarou que na ordem de prioridades, os interesses políticos precedem a qualidade do sistema de transporte.
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