No fim da semana passada a bancada de oposição na Câmara dos Deputados anunciou que tinha conseguido assinaturas suficientes para instalar uma CPI para investigar os fatos denunciados pela série de reportagens Vaza Jato, do Intercept Brasil. Anunciada como uma vitória da oposição e uma derrota da Lava Jato, a movimentação pegou de surpresa alguns governistas que haviam assinado o requerimento de instauração. Entre eles, dois paranaenses: Leandre (PV) e Schiavinato (PP).
A primeira reação dos dois parlamentares foi pedir a retirada das assinaturas. Entretanto, como o regimento da Câmara não permite isso, eles recorreram a comunicados oficias para se explicarem ao seu eleitorado.
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“A assinatura se deu em momento onde eram assinados vários requerimentos, sendo que este estava incluído em um montante e foi assinado despercebidamente”, justificou Schiavinato.
Já Leandre, disse que quando assinou o pedido de instalação da Comissão Parlamentar de Investigação, o fez na expectativa” de que a devida apuração dos fatos envolveriam todo o caso, ou seja, o Intercept, a Lava Jato e os Hackers, de modo amplo, imparcial e impessoal, para que assim tivéssemos o devido esclarecimento deste episódio que até agora causa muitas discussões e desgastes”.
“Porém ao tomar ciência que o objetivo seria investigar ‘exclusivamente’ os membros da Lava Jato e o ex-Juiz Sérgio Moro retirei imediatamente o meu apoio, por entender que o processo fica prejudicado quando falta qualquer uma das partes, tornando-se restrito, parcial e pessoal”, explicou.
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Após as manifestações, os paranaenses se juntaram a outros 18 deputados que estavam na mesma situação e foram ao STF na quinta-feira (18) pedir que a corte impedisse a instalação da CPI.
No pedido, eles afirmam que “vários parlamentares subscritores relatam desconhecimento de seu objeto, ou mesmo má-fé em sua coleta”.
Na sexta-feira (20), entretanto, o grupo capitaneado pela deputada Joice Hasselman (PSL), líder do governo no Congresso, pediu a desistência da ação. Não foi divulgada uma justificativa formal para isso, mas fontes ligadas aos parlamentares citam que o fato de o pedido ter caído nas mãos do ministro Gilmar Mendes – notório crítico da Lava Jato – foi o que impeliu a decisão. O grupo sustenta, entretanto, que novas medidas serão tomadas para buscar impedir a criação da CPI.