O empresário Celso Frare, do grupo Ouro Verde, que foi preso na operação Rádio Patrulha, admitiu aos promotores do Gaeco ter participado do esquema de desvio de recursos do programa Patrulha do Campo, do Governo do Paraná. No depoimento, Frare falou sobre o vídeo em que aparece retirando maços de dinheiro de um envelope.
Segundo o empresário, quem aparece recebendo o dinheiro nas imagens é Sergio Maia, ligado a Tony Garcia e também primo de Frare. Além dos dois, de acordo com o empresário, também estariam na sala no momento do repasse do dinheiro, Pepe Richa, irmão do ex-governador Beto Richa e Tony Garcia, que agora delata o esquema ao Ministério Público. O vídeo foi gravado na casa de Celso Frare.
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“O Tony levou o Pepe na minha casa. O Pepe sentou no lado, eu dei a porra do dinheiro para ele [Tony] e [..] fotografou”, relatou Frare. Segundo o empresário, no envelope havia R$ 70 mil que foram repassados a Tony Garcia como contribuição para campanha de políticos ligados ao grupo.
“Eu tinha um compromisso moral de ajudar a campanha. Esse compromisso aconteceu quando eu comecei a trabalhar com as patrulhas, o Tony veio me pedir esse dinheiro, eu dei uma primeira vez, dei a segunda e dei a terceira”, relatou aos promotores.
Segundo Frare, há cerca de um ano e oito meses Tony Garcia chegou a chantageá-lo com as imagens, cobrando cerca de R$ 600 mil para que o vídeo não fosse divulgado.
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Em sua delação, Tony Garcia afirma que o vídeo é uma das consequências das brigas que começaram a acontecer entre os empresários e políticos, que disputavam participação maior no esquema. Nas palavras do delator, a situação virou “briga de quadrilha”.
Segundo Garcia, o vídeo teria sido gravado pelo empresário Osny Pacheco, falecido em 2015, que era dono da Cotrans. De acordo com o delator, a gravação foi feita com uma caneta com câmera acoplada que Pacheco teria conseguido com um policial. Na versão de Frare, não há relato da presença de Osny Pacheco na reunião.
O vídeo, ao qual Garcia teve acesso e repassou ao Ministério Público, é hoje uma das principais provas na investigação do Gaeco.
“Esse vídeo demonstra o modus operandi adotado para os pagamentos das propinas: maços de dinheiro vivo, depositados em envelopes, entregues na clandestinidade. Registre-se que o vídeo em questão se encaixa perfeitamente em todo o contexto já exposto: das alterações dos editais, das reuniões criminosas realizadas, do agradecimento pelo pagamento do ‘tico-tico’ pelo Estado, dos repasses aos operadores do esquema, enfim, de todas as informações trazidas ao conhecimento da Justiça pelo colaborador”, relatam os promotores.
O blog não conseguiu contato com a defesa de Pepe Richa. Em outros momentos desde as prisões, no dia 11 de setembro, o advogado do ex-secretário de Infraestrutura e Logística preferiu não dar declarações e disse que se manifestaria nos autos.
Assista ao vídeo
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