Na denúncia aceita pelo juiz Sergio Moro envolvendo Deonilson Roldo, braço-direito e ex-chefe de gabinete de Beto Richa (PSDB), os procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato descreveram como Marcelo Odebrecht se aproximou do ex-governador Beto Richa (PSDB) com o objetivo de ampliar a atuação da empreiteira no Paraná.
De acordo com o relato do Ministério Público Federal, a aproximação começou em 2008, quando Richa disputou a reeleição à prefeitura de Curitiba. Nesse ano, dizem os procuradores, Fernando Ghignone, então coordenador financeiro da campanha de Richa e hoje secretário estadual de administração e previdência, solicitou doação via caixa dois a Valter Lana, então diretor de contratos da Odebrecht – hoje delator da Lava Jato.
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Segundo os procuradores, uma perícia no sistema MyWebDay da Odebrecht identificou o pagamento de R$ 200 mil, realizado pelo Setor de Operações Estruturadas da empresa ao codinome “Brigão”, relacionado a Beto Richa.
Sobre esses recursos, Fernando Ghignone declara que “todas as doações recebidas em 2008 estão contabilizadas de acordo com a lei. A delação é leviana e o delator será acionado criminalmente”.
Neste momento, dizem os procuradores, a empreiteira não exigia nada em troca. Fez as doações apenas para começar a se relacionar com Richa, que na avaliação dos diretores da empreiteira, despontava como uma força política promissora. A aproximação de Richa aconteceu porque, segundo os delatores, ele era mais “amigo” dos empresários do que o seu antecessor, Roberto Requião. “Assim, havia expectativa de que a Odebrecht voltasse a atuar no Paraná, pois durante o Governo de Roberto Requião não havia espaço”, dizem os procuradores.
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Já em agosto de 2010, prestes a disputar o governo pela primeira, Richa foi a um jantar na casa de Marcelo Odebrecht. Do encontro, além dos dois, participaram Ghignone, o delator Valter Lana e outros empresários. Nessas eleições, foram pagos R$ 450 mil à campanha de Richa. No dia 3 de outubro de 2010, um dia após a eleição de Richa para o governo, Marcelo Odebrecht telefonou para parabeniza-lo.
Em maio, cinco meses após a posse de Richa, os procuradores relatam que Lana e Odebrecht vieram a Curitiba para o casamento de André Richa, filho do ex-governador. A festa, no Castelo do Batel, contou também com a presença de políticos como José Serra e Aécio Neves. No anexos, há um delator que diz que os os dois foram convidados, mas não compareceram à festa. Até a publicação deste post, a assessoria de Richa não havia confirmado a informação.
Após essa aproximação, a Odebrecht, então, passou a trabalhar em estudos para elaboração do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para duplicação e operação da PR-323, rodovia que liga Maringá a Francisco Alves e que agora é alvo de denúncia do Ministério Público Federal.
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