O Ministério Público Federal publicou um documento contundente contra a reabertura da Estrada do Colono, no Oeste do Paraná. A ideia de reabrir a estrada de 17,6 km que corta a mata do Parque Nacional do Iguaçu ganhou força no Congresso Nacional desde que o senador Alvaro Dias (Podemos) abraçou e fez andar um projeto do ex-deputado Assis do Couto que já foi aprovado na Câmara e estava parado no Senado desde 2017.
Para Alvaro Dias, a reabertura da estrada é uma maneira de garantir desenvolvimento econômico para a região em harmonia com a conservação do Parque.
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Essa tese sustentada pelo senador de que a abertura da estrada ajudaria na conservação do Parque é rechaçada pelo MPF. Após sobrevoar a área, técnicos do órgão constataram que a mata já se regenerou e a reabertura da estrada exigiria a derrubada da mata.
“Ainda em sobrevoo, agora na dita “estrada do colono”, a cena é de total recuperação da mata. O comandante da aeronave teve dificuldades em seguir o leito da antiga estrada sendo necessário o conhecimento técnico do Sr Ivan Batiston, chefe do ICMbio que acompanhava o voo. O que resta da antiga estrada é apenas uma “cicatriz” em meio a mata, um discreto “risco” que é observado em alguns pontos onde a mata regenerada no antigo leito da estrada ainda é mais baixa que o restante da floresta. O tempo fez muito bem aos “habitantes” daquela mata”, diz o relatório.
Após a divulgação do documento, o MPF ainda reforçou, na sexta-feira (13), seu posicionamento contra abertura. Na nota, o órgão refutou o argumento de que a Estrada do Colono poderia ser aberta porque já outra estrada dentro do Parque, a BR-469, que dá acesso às cataratas do Iguaçu.
“O Ministério Público Federal (MPF) em Foz do Iguaçu/PR informa que a reabertura provocaria mudança radical em uma área que é matriz de repovoamento de outras zonas, ao contrário da turística BR-469. Por isso, não é válido o tipo de argumento que diz que "se não dá pra abrir a Estrada do Colono, por que não fechar o trecho da BR-469 no interior do Parque Nacional do Iguaçu?", diz um trecho da nota.
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Alvaro Dias criticou o posicionamento do MPF em Foz e disse que os procuradores deveriam fazer o caminho pelo chão, não sobrevoando, para terem melhor noção da região. Para Alvaro – que era governador do Paraná quando a estrada foi fechada por decisão judicial – o projeto de abertura atende a uma reivindicação de 30 anos dos moradores. Ele sustenta ainda que a estrada será controlada e seguirá os moldes das estradas-parque dos porquês nacionais do Estados Unidos.
Esse argumento também é questionado pelo Ministério Público.
A expressão, segundo o MPF, está sendo importada dos Estados Unidos, “mas com total deturpação de seu significado naquele país. Nos Estados Unidos, nenhuma ‘estrada-parque’ atravessa um parque nacional nem se trata de uma adaptação de uma rodovia construída para interligar duas cidades. As ‘estradas-parque’ norte-americanas são concebidas para proporcionar o desfrute de belas paisagens pelos viajantes”.
Por trás dessa discussão sobre a reabertura da estrada, há uma disputa política que tem grande influência em eleições locais. Desde o fechamento da estrada, sua reabertura tem sido a principal promessa de políticos da região de Capanema, Serranópolis do Iguaçu e outra cidades, cujos prefeito pressionam lideranças nacionais. Foi assim com o ex-deputado Assis do Couto (PDT) e com o atual deputado Vermelho (PSD), que propôs um novo Projeto na Câmara, cuja tramitação está em fase mais incipiente que o projeto adotado por Alvaro Dias.
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