Dos deputados muito hábeis e experientes na função parlamentar costuma-se dizer que conhecem todos os corredores do Congresso. Na virada para a atual legislatura, entretanto, parece ter havido uma reforma que mudou esses corredores de lugar. Nomes como Gustavo Fruet (PDT), Ricardo Barros (PP) e Rubens Bueno (PPS), que em outros momentos eram referências em habilidade política ou legislativa na bancada paranaense estão menos em evidência – ainda reconstruindo o mapa que tinham do Congresso Nacional.
Esse movimento tem ensejado uma segunda onda de mudanças na política, que vem após a renovação determinada pelas urnas. Parlamentares que por muito tempo ocuparam posições de destaque no Legislativo estão sendo substituídos por uma nova geração, de nomes menos conhecidos e posições ainda não tão sólidas.
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O principal motor dessa mudança foi o bolsonarismo, movimento que levou à Presidência da República um grupo político que até então tinha pouca expressão e não tinha relação com as principais forças que atuam em Brasília. Essa mudança afetou cada um dos tradicionais representantes do estado de formas diferentes e abriu espaço para novas lideranças.
O caso mais evidente é o de Ricardo Barros (PP), que independentemente de quem estivesse no Palácio do Planalto conseguia posição de destaque na articulação entre o governo e o Congresso ou na elaboração das leis orçamentárias. Com a chegada de Jair Bolsonaro (PSL) ao poder, Barros até tentou se aproximar do grupo do presidente, mas não encontrou espaço. Com isso, já no começo do mandato, reorientou sua atividade parlamentar. Em um texto publicado em suas redes sociais afirmou que sempre foi um deputado municipalista, mas que as funções que assumiu nos últimos anos – inclusive o posto de ministro da Saúde – o impediram de estar mais presente em sua região. “Neste mandato estarei mais próximo da minha base, vou trabalhar incansavelmente na busca de recursos federais para ajudar nossas cidades a crescerem”, afirmou.
Gustavo Fruet, que voltou à Câmara após quatro anos como prefeito de Curitiba e uma derrota na tentativa de reeleição para o comando da capital paranaense também não apresenta o mesmo perfil de atuação de mandatos anteriores. Ele mesmo vinha dizendo em entrevistas que no mandato 2019-2022 adotaria postura mais “low-profile”, ou seja, não ficaria sob os holofotes como fez especialmente na CPMI dos Correios, em 2005, que apurou fatos relativos ao escândalo do mensalão.
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Muito dessa postura pode ser explicada pela declarada vontade de Fruet de voltar à prefeitura de Curitiba. Em Brasília, tem feito mais oposição à gestão de Rafael Greca (PMN) que à de Jair Bolsonaro. No mandato, tem se dedicado sobretudo ao debate de assuntos municipais, como alternativas de mobilidade urbana, um dos temas em que sua gestão na prefeitura mais concentrou esforços.
Após anos de oposição ao petismo, Rubens Bueno adotou postura independente em relação ao governo Bolsonaro e, na prática, tem feito diversas críticas à atual gestão. O fato de sua atuação estar menos em evidência pode decorrer das características do momento político: tanto a defesa como a oposição ao governo Bolsonaro têm sido feitas em tom bastante radicalizado. Moderado, Rubens não é ouvido no meio da algaravia.
Como na política não há espaço de poder que fique vazio, já há novos parlamentares paranaenses que parecem ter desbravado a nova configuração dos corredores do Congresso Nacional.
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Neste grupo estão ao menos cinco novatos: Pedro Lupion (DEM), vice-líder do governo no Congresso, que tem se aproveitado dos cargos de destaque ocupados pelo Democratas para fazer a articulação entre o Executivo e o Legislativo; Paulo Eduardo Martins (PSC), que ganhou destaque ao relatar a Medida Provisória de combate a fraudes no INSS; Filipe Barros (PSL), cuja arena de atuação mais forte tem sido as redes sociais, espaço onde ele desponta como um dos principais bolsonaristas no Congresso; Felipe Francischini (PSL), que no comando da Comissão de Constituição Justiça é peça-chave para fazer tramitar os projetos de interesse do governo; e Aline Sleutjes (PSL), que tem conseguido levar ao governo os pleitos de ruralistas paranaenses, como por exemplo a extinção via decreto do Parque Nacional dos Campos Gerais.
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