Na manhã desta terça-feira (29), a jornalista Katia Brembatti e eu entrevistamos Plinio Dias, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São José dos Pinhais. Dias tem representado o movimento grevista em negociações com o governo do Paraná. Nessas reuniões já foram acordados, por exemplo, pontos como a liberação de passagem de caminhões que transportam gasolina, etanol e gás de cozinha pelos bloqueios impostos em rodovias que cortam o Paraná. Dos 40 minutos de conversa, esses foram os pontos principais.
Briga por liderança
Há uma disputa entre diversas entidades representativas pela liderança do movimento. Como já foi visto em duas tentativas frustradas de negociação com o governo federal, não há consenso sobre quem representa os grevistas. O próprio Dias, que se demonstrou confiante ao dizer que seu grupo teria condições de desmobilizar a greve caso as reivindicações sejam atendidas, teve que fazer diversas ressalvas ao longo da entrevista sobre ações dos caminhoneiros que acontecem em desacordo com seu comando.
Pauta incerta
A briga de lideranças envolve também uma disputa pela pauta de exigências; para cada grupo, um pedido diferente. Segundo Dias, as propostas apresentadas pelo governo federal não contemplam as exigências da categoria. Entre as medidas que os caminhoneiros autônomos pretendem ver aprovadas estão mudanças na tabela de frete e a redução do preço de todos os combustíveis, não apenas do diesel. Segundo Plinio Dias, essa é uma forma de retribuir o apoio que o movimento recebeu da população.
Poucas horas após a entrevista, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos, entidade à qual o sindicato presidido por Plinio Dias está alinhado, anunciou o fim da paralisação por entender que as reivindicações da categoria foram todas “atendidas amplamente” pelo governo federal. Mais uma vez, ficou clara a falta de sintonia no discurso e nas ações do movimento.
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“Infiltrados”
Tanto o governo federal como os caminhoneiros apontam a existência de pessoas “infiltradas” no movimento. Para Dias, essas pessoas tentam aproveitar a mobilização da categoria para defender bandeiras políticas estranhas ao movimento. Entre elas estão a intervenção militar e a renúncia do presidente Michel Temer (PMDB). A mesma tese é encampada pelo Palácio do Planalto, que em suas análises da greve também aponta a existência de grupos com objetivos políticos em meio aos manifestantes.
Muitas exceções
Com essa articulação confusa, os movimentos têm mais exceções que regras. Plinio Dias diz que a orientação é para que não haja envolvimento político, mas são comuns os arrazoáveis pedidos de intervenção militar e a exigência da renúncia de Temer. Em outro exemplo, Dias reconheceu a ilegalidade de os caminhoneiros abordarem e revistarem carros e ônibus nas estradas, mas, mais uma vez, a situação continua a acontecendo a despeito da orientação dos sindicatos.
Veja a entrevista na íntegra
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