Causa estranheza ver um prefeito anunciar sorridente o aumento da passagem de ônibus, como Rafael Greca (PMN) fez na manhã desta sexta-feira (22), ao lado do governador Ratinho Junior (PSD). O reajuste de 6% na tarifa, que passou de R$ 4,25 para R$ 4,50, foi chamado por Greca de “milagre” operado em decorrência de um “plano de economia popular”. Para além da tentativa de dourar a pílula do anúncio do aumento que será sentido no bolso dos passageiros, o clima de comemoração de Greca e Ratinho tem lá suas razões.
O motivo mais óbvio é que a prefeitura conseguiu apoio do governo e espaço no caixa do município para subsidiar o sistema de transporte e evitar que o aumento da tarifa fosse ainda maior. Se fosse financiado exclusivamente pelos passageiros, como vinha acontecendo nos últimos anos, o preço seria de cerca de R$ 5,20. Esse é o valor que a prefeitura estima que pagará por passagem às empresas assim que a nova tarifa técnica for definida. Para que isso ocorra, as empresas ainda devem fechar o acordo de reajuste salarial de motoristas e cobradores.
O segundo motivo é que depois de alguns anos o sistema de transporte coletivo finalmente parece apontar para algumas mudanças que podem ser positivas para os usuários. Com obras estruturais e a indicação de integrar o funcionamento e o planejamento do transporte da capital com a Região Metropolitana, a discussão do transporte parece conseguir olhar além do equilíbrio-econômico financeiro do sistema. Não que essa questão seja irrelevante, mas nos últimos anos ela drenou toda a ação do Executivo enquanto os ônibus envelheceram e o transporte coletivo ficou cada vez mais desinteressante diante das novas opções de mobilidade que apareceram.
A integração de linhas, unificação do preço e do pagamento das passagens e a criação de novos corredores exclusivos – todas medidas anunciadas nesta sexta-feira – podem ser passos importantes para que os ônibus tenham alguma atratividade para reter os atuais e conquistar novos passageiros.
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