Deputado Boca Aberta (PROS-PR)| Foto:

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou por 10 votos a 1 a suspensão do mandato do deputado Boca Aberta (Pros-PR) por seis meses. A punição é mais branda que a sugerida inicialmente pelo relator do caso, Alexandre Leite (DEM-SP), que queria a cassação do mandato do paranaense. Para ser aplicada, a pena ainda deve ser aprovada pelo plenário da Câmara.

CARREGANDO :)

Pela decisão do Conselho de Ética, Boca Aberta deve ser punido por “abusar das prerrogativas constitucionais asseguradas aos membros do Congresso Nacional”. A suspensão do mandato por um semestre é a segunda punição mais severa que pode ser aplicada a deputados, atrás apenas da cassação do mandato.

O paranaense foi alvo de duas representações no Conselho. O fato gerador foi um tumulto causado pelo parlamentar em um hospital na cidade de Jataizinho, na região de Londrina. A denúncia foi feita pelo deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), que preside a Frente Parlamentar da Medicina. Boca Aberta passou então a ofender o deputado denunciante, fato que também foi analisado no voto do relator.

Publicidade

Nas discussões sobre o relatório, os deputados pediram a modulação da pena aplicada ao parlamentar. Em vez da cassação sugerida pelo relator, pediram a suspensão do mandato. Mesmo os que defenderam a redução da pena não saíram em defesa de Boca Aberta. Os que se pronunciaram foram unânimes em condenar as ações do deputado, que foi vista pelos pares como "desrespeitosa", "midiática" e "danosa para o parlamento". Outro argumento recorrente foi o de que a suspensão por seis meses enseja que o deputado repense seu comportamento no parlamento e retorne agindo de acordo com o código de ética e decoro parlamentar.

Após a discussão do relatório, Alexandre Leite acatou a indicação do plenário e apresentou um voto complementar para reduzir a pena de cassação para suspensão do mandato por seis meses.

Defesa

No discurso que fez após a apresentação do voto complementar do relator, Boca Aberta se apresentou em uma versão muito mais comedida que o habitual, como já havia feito na sessão de leitura do relatório, realizado na quarta-feira (4).

Medindo as palavras, ele criticou o relatório de Alexandre Leite por não se restringir às denúncias apresentadas ao Conselho.

“Ele trouxe à baila elementos que não foram objetos da denúncia. Por exemplo, qual a relação disso com a minha cassação na Câmara de Londrina?” Tudo aquilo que foge da denúncia em questão não pode ser levada em conta”, afirmou.

Publicidade

Após anunciado o resultado, Boca Aberta afirmou que recorrerá da decisão do Conselho à Comissão de Constituição e Justiça.

O relatório

Em seu relatório, Alexandre Leite foi além dos pontos elencados na denúncia original. Ele destacou a postura que Boca Aberta teve durante a investigação do Conselho de Ética. O relator imputou ao paranaense atos como a apresentação de documento forjado; litigância de má-fé, ao tentar judicializar o caso no Supremo Tribunal Federal; e tentativa de fraudar os trabalhos da comissão.

Segundo o relator, ao longo do processo Boca Aberta, entre outros atos, recusava-se a assinar as intimações para alegar, posteriormente, não ter sido informado do andamento dos trabalhos da comissão.

"Parece claro que o Representado desvirtuou o exercício do cargo de deputado federal, fazendo uso abusivo de suas prerrogativas constitucionalmente asseguradas para atingir a honra de colegas, de cidadãos e de servidores públicos, para performar cena com o fito de se autopromover nas redes sociais às custas da perturbação do trabalho e do sossego alheio, cometendo abuso de autoridade", afirmou o relator.

Ainda segundo Alexandre Leite, "restou evidente que o Representado não demonstra arrependimento, uma vez que, sem constrangimento, apresentou provas adulteradas, manipulou a verdade fatos, e tentou conduzir depoimento de testemunha, tudo para sustentar suas manifestações inverídicas".

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]