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Por enquanto, a diferença da nova para a velha política é só o terno azul royal

Robson Vilalba/Thapcom (Foto: )

A política tem andado com um humor novidadeiro. Qualquer resquício do que se entende como velha política deve ser derrubado para que em seu lugar floresça a retórica da nova política. Os terrenos não são tão bem definidos como alguns querem fazer crer, mas ainda assim há limites. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), por exemplo, tentou jogar ao mesmo tempo nos dois campos e sofreu uma estridente derrota na disputa pela presidência do Senado Federal.

Se na prática é difícil separar o velho do novo, no campo simbólico – que é boa parte do que se faz na política – as fronteiras são mais fáceis de enxergar. Nos corredores do poder, por exemplo, o uniforme de quem quer se apresentar como novo é o terno azul royal. É sempre mais fácil começar pelos símbolos que pelas práticas. Eu mesmo, quando decidi que seria roqueiro, comprei uma camiseta do Metallica antes mesmo de ouvir a banda.

O governador Ratinho Junior (PSD) – que não custa lembrar, construiu sua candidatura enquanto era secretário de Desenvolvimento Urbano na gestão de Beto Richa (PSDB) – empunhou com determinação a bandeira da nova política. À posse, foi de terno azul royal. No exercício do mandato, entretanto, tem ficado evidente que praticar a novidade é mais difícil que anunciá-la.

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A quebra de expectativas começou ainda antes do início do governo quando Ratinho anunciou alguns parlamentares no secretariado. Não é que haja vício de origem em indicar aliados políticos para o comando de pastas no governo do estado, mas, convenhamos, alguma afinidade com o tema é necessária. Por isso causou estranheza o nome do administrador Ney Leprevost (PSD) na Secretaria de Justiça. O mesmo não aconteceu com a indicação do também político Reinhold Stephanes na secretaria de Administração justamente por ele ter notório domínio do tema.

Nas nomeações de cargos comissionados de menor destaque também fica a impressão de que critérios que foram soterrados pelo discurso do próprio Ratinho ainda exercem influência no governo estadual.

Após Ratinho anunciar a demissão de todos os comissionados do governo como um ato moralizante da gestão, novas nomeações começaram a ser feitas – dessa vez sem propaganda no Facebook.

Na Agepar – agência reguladora de concessões que Ratinho prometeu empoderar –, onde no ano passado estava nomeado o filho do deputado Ricardo Arruda (PSD), agora foi nomeada a sobrinha do mesmo parlamentar.

Esse não é o único caso de parentes de políticos empregados em cargos em comissão. Rubens Bueno II, filho do deputado federal Rubens Bueno, foi nomeado assessor da Casa Civil.

Ex-parlamentares, alguns deles derrotados nas eleições de outubro passado, também conseguiram guarida no Palácio Iguaçu. Rasca Rodrigues é o novo diretor-geral da Secretaria de Meio Ambiente; Claudio Palozi foi nomeado o superintende do Serviço Social Autônomo Paraná Educação; Alexandre Guimarães é assessor especial na vice-governadoria; e Luiz Accorsi assumiu o cargo de assessor da governadoria.

Dirigentes partidários também não ficaram à míngua. Rodrigo Pina de Almeida, presidente estadual do PHS – partido que apoiou Ratinho nas eleições do ano passado – agora é Assessor Especial da Governadoria com salário equivalente ao de secretário de estado.

Os nomes citados acima foram pescados dos Diários Oficiais e apontados por fontes que têm o mesmo hábito de leitura. Por isso é bem possível que muitos outros nomes e relações tenham passado batidos. Ainda assim, essa seleção mostra que mesmo quem se apresenta como novidade incorre no velho erro político de ter a prática dissonante do discurso.

O governo, naturalmente, não se resume a esses nomes; nem esses funcionários são todos inaptos para as funções indicadas. A falta de impessoalidade na escolha, entretanto, mostra que existem velhos hábitos difíceis de serem abandonados e tisna o terno azul royal do governador.

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