As eleições de 2018 foram um desastre para ao PSDB no Paraná. O partido perdeu espaço nos parlamentos e os candidatos que conseguiram garantir sua vaga tiveram menos votos que em disputas anteriores. Sob anonimato, os tucanos são unânimes em relacionar o péssimo desempenho eleitoral às denúncias de corrupção que atingiram membros do partido nos últimos anos do governo de Beto Richa. O ponto crítico desse sangramento do partido foi a prisão do ex-governador no meio da disputa eleitoral.
Agora, com a prisão de Richa pela operação Quadro Negro, o partido, pelo menos na configuração com que se manteve na última década, deve ruir. Há três fortes motivos para isso: o apelo da Quadro Negro na opinião pública; as denúncias de envolvimento de outros tucanos relevantes na estrutura partidária; e a existência de um grupo disposto a depor a turma de Richa do poder.
Dinheiro de escolas
A Quadro Negro é a operação de maior impacto sobre a opinião pública porque o esquema apontado pelo Ministério Público desvia dinheiro de escolas para pagamento de propina a agente políticos. Nada poderia sintetizar melhor as consequências da corrupção sobre a sociedade. Para dar mais dramaticidade ao caso, ainda há ruínas das escolas que nunca foram terminadas espalhadas pelo Paraná. São monumentos à corrupção que não deixam nem as comunidades nem a imprensa esquecerem dos desvios. Se quiser sobreviver aos efeitos dessa prisão, o PSDB não poderá ficar inerte diante da prisão de Richa.
Na Rádio Patrulha, por exemplo, o esquema era complexo, envolvia cálculos que mesmo os empresários envolvidos tinham dificuldade em fazer – como mostrou um dos áudios apresentados pela acusação. Na Quadro Negro a história é mais simples e impactante: dinheiro público que deveria pagar a construção da escola acabou pagando campanhas eleitoras por meio de caixa dois e, por isso, as escolas não ficaram prontas.
Outros tucanos envolvidos
Beto Richa não é o único tucano citado pelos delatores e investigado pelo Ministério Público na Operação Quadro Negro. Também estão implicados outros dois correligionários relevantes dentro da estrutura partidária: Ademar Traiano, presidente em exercício da legenda, e Valdir Rossoni. Em julho do ano passado, o MP abriu inquérito para investigar se houve participação de Traiano no esquema e em outubro denunciou o ex-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni. Desta vez, portanto, Richa, apesar de ser o único preso, não é o único tuca atingido em cheio pelas investigações.
Reação interna
O que deve selar a saída do grupo de Richa do comando do PSDB é o fato de haver outros PSDBistas interessados em assumir o comando da legenda. Desde o fim do ano passado, um grupo de jovens tucanos já se articula para tirar o que chamam de “cabeças brancas” do poder. A avaliação é que se o partido não se renovar agora não vai conseguir recuperar o espaço perdido em 2018.
“O recado foi muito claro. O PSDB encolheu por ter posicionamentos errados e por estar envolvido em corrupção. Queremos mostrar que dentro do partido no Paraná tem pessoas novas, com boas intenções”, afirmou um dos jovens sobre a intenção do grupo.
“Vamos expor nas próximas reuniões que temos objetivo de assumir o comando da Executiva. Se não chegarmos a um entendimento, vamos lançar uma chapa de oposição”, diz.
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