Desde setembro de 2017, quando deixou o comando da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior (PSD) tem se dedicado à construção de sua candidatura ao governo do Paraná. Para elaborar o plano de governo, por exemplo, Ratinho diz ter feito 35 reuniões em diversas cidades de todas as regiões do estado. A partir desses encontros, a campanha estabeleceu suas prioridades. Desse documento e dos discursos e entrevistas do candidato é possível prever quatro características centrais do governo que começa em 1º janeiro de 2019.
Visão de startup
Para embalar seu pacote de candidato da nova política, Ratinho Junior recorre ao vocabulário do jovem empreendedor e cita exemplos internacionais como meta para o estado. Em seu plano de governo, a inspiração não é só retórica. Há, por exemplo, propostas como “fomentar, com recursos de P&D da Copel, empresas startups e spin offs oriundas de empreendimentos da área energética”. Ele parece de fato comprometido com esse pacote de inovação. Em outro trecho de seu plano de governo ele propõe “tratar diferenciadamente as startups, facilitando o lançamento no mercado de empresas e produtos inovadores”.
Muda pouco
A eleição de Ratinho permite que boa parte do grupo que hoje está no Palácio Iguaçu continue em seus cargos. Se não no comando das principais secretarias, no exército de cargos que em comissão que o governador do estado tem à disposição. Como o grupo do PSD é, de certa forma, um desmembramento da grande aliança tucana que comandou o estado nos últimos quase oito anos, há muitas relações políticas e pessoais que devem fazer com que existam muitos remanescentes na equipe do próximo governo.
Agronegócio
Outro ponto que se pode conjecturar sobre o governo de Ratinho Junior é a prioridade ao agronegócio. Em seus discursos ele tem deixado claro que se deve reconhecer e fortalecer a vocação agrícola do estado. Essa atenção para a produção rural é referendada pela presença de dois nomes fortemente ligados ao setor, Reinhold Stephanes, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Norberto Ortigara, que comandou a secretaria Estadual de Agricultura durante a gestão do ex-governador Beto Richa (PSDB).
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Com essa atenção especial ao agronegócio, Ratinho já vinha conquistando votos do setor ainda quando Osmar Dias (PDT) estava na disputa. Osmar, que desistiu da disputa ao governo aos 45 minutos do segundo tempo, sempre pareceu ser o candidato natural do agronegócio.
Em cima do muro
Ratinho Junior não é um político resoluto. Seus posicionamentos sobre assuntos polêmicos e sensíveis para o estado ficam geralmente na tênue linha central que busca agradar a todos os lados. Na retórica isso é possível, mas, no governo, as decisões devem ser tomadas. E, para isso, ele deverá assumir posições e, consequentemente, ferir interesses de grupos que vinha equilibrando na ambiguidade do discurso.
Por exemplo, no caso do reajuste dos servidores do Executivo, Ratinho, enquanto parlamentar, articulou sua base para rechaçar a proposta de 1% encaminhada pelo governo Cida e aprovar o reajuste de 2,76% proposto aos outros poderes. Já na hora de assumir um compromisso como candidato, tergiversa.
“Nosso compromisso é ter um diálogo transparente com os servidores, que logo no início do mandato vamos fazer um planejamento a médio prazo, fazendo uma avaliação fiscal e orçamentária junto com os servidores para analisar a capacidade do Estado para realizar esse reajuste de forma clara e transparente”, disse à Gazeta do Povo.
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