Em julho, a governadora Cida Borghetti (PP) encaminhou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei que reajustava em 1% os salários dos servidores do governo do Paraná. No parlamento, a bancada ligada a Ratinho Junior (PSD) se mobilizou para emendar o texto e propor que os funcionários do Executivo recebessem o mesmo aumento que os do Legislativo e Judiciário. Com a perspectiva de majoração do percentual para 2,7%, o governo retirou a proposta com a promessa de reenvia-la após as eleições.
Pois bem, as eleições já passaram e o assunto está novamente sobre a mesa, mas em um contexto completamente diferente.
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Se há três meses foi Cida quem assumiu o discurso da responsabilidade fiscal e Ratinho Junior levou sua bancada a uma posição menos austera e mais alinhada com os servidores, o papel agora pode ser invertido. Qualquer aumento acima da capacidade de pagamento do estado será sentido especialmente durante a gestão de Ratinho Junior.
Ao reenviar a proposta, Cida tem duas opções. A primeira é insistir no reajuste de 1% enviado em julho. Neste caso, é improvável que a bancada alinhada a Ratinho volte a propor percentual maior. Com as chaves do cofre a partir de 1º de janeiro de 2019, o futuro governador não vai querer comprometer seu caixa com uma medida cujo principal benefício político seria colhido por Cida Borghetti.
A outra opção da governadora – bem menos responsável do ponto de vista fiscal – é mandar agora o reajuste de 2,7%. Nesse caso ela agradaria aos servidores e colocaria Ratinho na delicada situação de ter que orientar sua bancada a rejeitar a proposta ou então assumir o impacto financeiro que essa decisão teria já no começo de seu governo.
Fato é que a nova conjuntura deixa claro que ações eleitoreiras cobram seu preço. Poucos meses após defenderem um reajuste maior aos servidores, os parlamentares aliados a Ratinho podem ser obrigados a reduzir o percentual estabelecido pelo governo. Difícil será encontrar argumentos razoáveis para justificar a mudança de posição.
Colaborou: Euclides Lucas Garcia
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