O MDB do Paraná saiu menor das eleições deste ano. Bem menor. Em 2014, o partido elegeu quatro deputados federais e oito estaduais. Em 2018, foram somente dois representantes para a Câmara Federal e outros dois para a Assembleia Legislativa. O maior baque no partido, entretanto, foi a derrota do senador Roberto Requião em sua tentativa de ser reeleito ao cargo.
Requião, que preside o partido no Paraná, é mais que um comandante burocrático da legenda. Ele dita, para o bem ou para o mal, o espírito do MDB do Paraná. Acontece que sua derrota e a expressiva diminuição do partido no estado colocam sob críticas dos correligionários as estratégias adotadas pelo partido. Naturalmente, após as derrotas as insatisfações tendem a ficar mais evidentes. E é isso o que está acontecendo agora, justamente no momento em que o partido se prepara as eleições internas que definirão a próxima comissão executiva do MDB do Paraná.
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A primeira consequência desse contexto é que Roberto Requião não é candidato à reeleição para o cargo de presidente do partido. A ala requianista do MDB já lançou ao posto de presidente o nome de João Arruda, sobrinho de Requião, que na disputa pelo governo do estado em 2018 obteve 706 mil votos.
Se o nome de Arruda não é necessariamente um rompimento com a gestão de Requião, também não pode ser visto como uma continuidade. Ao menos não de modo tão óbvio. Arruda diverge do tio especialmente no ponto que vinha causando maior incômodo dentro do MDB: a proximidade com o Partido dos Trabalhadores.
Muitos emedebistas que disputaram as eleições em 2018 culpam o petismo do senador pelo mal desempenho do partido nas urnas.
O próprio Arruda equilibra em seu discurso sinais da necessidade de renovação e de deferência a Requião.
“O tom é renovação com unidade. Não tem como a gente renovar, trazer novos quadros sem levar em consideração a trajetória do Requião e de outros emedebistas”, avalia.
Ele próprio admite a insatisfação de alas do partido com petismo requianista, mas diz ser capaz de superar esse descontentamento já que não tem relações com o PT.
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O nome de Arruda vem com as bênçãos de Requião. Recentemente, no Twitter, o deputado estadual Requião Filho (MDB) escreveu: “atenção pmdbista do Paraná. Estamos montando uma chapa para manter a unidade de nosso partido. Uma chapa que sempre foi PMDB e que respeita a história do nosso partido no Paraná! Vamos com João Arruda”.
Quadros mais jovens do partido também defendem a oxigenação da legenda. Rafael Xavier, presidente do MDB de Curitiba afirma que é natural pensar nesse movimento.
“O MDB como um todo teve redução de 50%. Nós erramos e temos que ver onde erramos”, analisa.
Requião Filho afirma que o nome de Arruda tem sido capaz de unificar diversas alas do partido. Segundo ele, ainda que seu pai tivesse plenas condições de reeleger para o cargo de presidente, abriu mão da disputa para dar espaço a Arruda.
“O Requião não faz política por vaidade. O que interessa é o partido”, afirma.
Segundo o deputado estadual, a intenção da nova Executiva será a de fortalecer a legenda para em 2020 “não entregar o Paraná de bandeja para a turma do Ratinho Junior”.
Ele conta que por enquanto há dois grupos que estão fora dessa articulação em torno do nome de Arruda. Um deles composto por prefeitos que “querem fazer graça para o governador eleito”. Ou seja, em busca de uma relação melhor com o governo do estado, esses prefeitos querem um nome mais próximo de Ratinho Junior no comando do MDB.
Outra força que não aderiu ao grupo é o deputado federal Sérgio Souza. A tese do parlamentar é semelhante à dos prefeitos insatisfeitos.
“Quanto mais unido o partido for, melhor. Mas tem que ter um caminho e o caminho do MDB do Paraná não pode ser o que vem sendo adotado nos últimos 10 anos, que é o de um partido controlado por poucos. Se continuar assim, reduzindo, em duas ou três eleições o partido pode sumir”, avalia.
Segundo Souza, caso seu grupo cogita montar uma chapa de oposição para disputar o comando do partido com João Arruda e o grupo de requianistas.
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