O discurso da nova política não seduziu o deputado federal Ricardo Barros (PP). Desde que assumiu o novo mandato na Câmara e não conseguiu se aproximar do governo, o parlamentar tem dedicado boa parte de suas entrevistas e discursos à defesa da atividade parlamentar. O que a maioria dos deputados só fala no cafezinho do plenário, com receio de perder votos, Barros fala em público. Em uma entrevista concedida na segunda-feira (3) ao jornalista Marc Sousa, da Rádio Jovem Pan Curitiba, ele defendeu aguerridamente os métodos da política tradicional.
Barros, cujo slogan de campanha costuma ser “política de resultado”, defendeu que o que entrega medidas que de fato fazem o país avançar é maioria no Congresso Nacional. Por isso ele diz que o Centrão – grupo político do qual seu partido faz parte e que virou inimigo público número um – não é o problema da política nacional, mas sim a solução, porque é capaz de compor maiorias. Sobre o governo, diz haver muita polêmica e confusão para pouco resultado.
O deputado relatou que chegou a procurar o ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, para ajudá-lo na tramitação de seu pacote anticrime. Barros disse ao ex-juiz da Lava Jato que teria condições de articular um texto acordado com os parlamentares que tramitaria sem tanta resistência no Legislativo. “Minha especialidade é formar maioria para votações”. Moro, entretanto, optou por manter seu próprio texto, que desde que foi encaminhado à Câmara avançou pouco.
Barros também não economizou críticas ao Ministério Público e ao judiciário e disparou diversas vezes contra esses poderes:
“O Ministério Público está irascível. Questiona até o que sabe que está certo”.
“Parece que eles estão destruindo os políticos para ocupar o lugar dos políticos”.
“O Ministério Público não pode ficar jogando reputações no lixo”.
Para o parlamentar, esse movimento do Judiciário acompanhado do discurso antipolítico do bolsonarismo são danosos ao presidencialismo de coalizão.
“É a lava jato de um lado demonizando a política e o Bolsonaro do outro. Falando que o problema do Brasil são os políticos, que não se governa sem conchavos. Ele fala e desfala”, avaliou.
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