Desde que o ex-governador Jaime Lerner deixou a vida pública, no fim de 2002, o lernismo foi aos poucos se convertendo em richismo e a política paranaense passou a se articular – em polos opostos – entre Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (MDB). Esse arranjo, que durou pelo menos oito anos, chegou ao fim neste domingo (7), quando Oriovisto Guimarães (Podemos) e Flavio Arns (Rede) conquistaram as duas cadeiras do Paraná no Senado Federal e deixaram Richa e Requião de fora.
Ver os dois políticos sem mandato é uma novidade – talvez a maior delas – na política paranaense.
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Requião foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1982. Nesses 36 anos foi prefeito de Curitiba, governador do Paraná e senador, com mandatos enfileirados ininterruptamente. Aos 77 anos, o senador só poderá disputar nova eleição geral em 2022, quando já terá 81 anos.
Já Beto Richa está na vida pública desde 1994, quando foi eleito deputado estadual. Com mandatos em sequência foi vice-prefeito de Curitiba, prefeito e governador do Estado. A idade não é um grande problema para Richa. Aos 53 anos ele ainda em tempo para retomar sua carreira política, o grande desafio será superar a derrota com vexatórios 3,73% dos votos válidos.
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A derrocada dos antagonistas parece ter começado após a prisão de Richa. Antes do fatídico 11 de setembro, a eleição estava organizada entre os polos tradicionais. Em uma pesquisa divulgada pelo Ibope no dia 4 de setembro, Requião aparecia com 43% das intenções de voto e Richa estava em segundo, com 28%.
Até esse momento, a campanha estava amparada sobre bases conhecidas: Requião criticava a gestão de Richa como governador e o tucano dizia que no mandato de senador o emedebista trabalhava contra o Paraná.
A prisão de Richa reconfigurou os discursos, as estratégias e o cenário da disputa. Candidatos que antes eram vistos como inviáveis passaram a ser competitivos e com isso atraíram a atenção e os votos dos eleitores paranaenses. Oriovisto, Arns e Alex Caziani cresceram na medida em que Requião e Richa caíram.
O próprio Requião, em seu Twitter, falou sobre como a prisão do adversário pode ter atrapalhado sua eleição. Apesar de autocomplacente, a leitura do senador faz algum sentido. Segundo ele, os votos dos eleitores que queriam tirar Richa do Senado – e por isso votaram nos dois candidatos que tinha chance de derrota-lo – acabaram tirando sua vaga. A tese é autoindulgente porque exclui da equação os eleitores que queriam tirar do Senado o próprio Requião.
Além das substanciais mudanças no Senado, a eleição de Ratinho Junior (PSD) fortalece a ideia de fim de uma era na política paranaense – ainda que não seja necessariamente uma transição de ruptura. Essa mudança, entretanto, já era prevista porque nenhum dos candidatos ao governo já tinha comandando o estado anteriormente.
Ainda é cedo para dizer se o novos nomes virão com modos de agir diferentes, mas é certo que a partir deste domingo há espaço para a construção de novos polos que organizarão a política local nos próximos anos.
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