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Silêncio de ex-aliados após prisão é pá de cal na carreira política de Richa

(Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná) (Foto: )

A nota da direção nacional do PSDB, partido do ex-governador Beto Richa, dá dimensão exata do ocaso político do outrora promissor quadro partidário. Em três linhas, os tucanos dizem, em outras palavras, acreditarem na Justiça e não fazem menção de defender o ex-governador preso nesta sexta-feira (25), na 58ª fase da operação Lava Jato.

“O PSDB tomou conhecimento dos fatos pela imprensa e, por isso, prefere aguardar os desdobramentos, mas reitera seu apoio e confiança na justiça brasileira, na expectativa de que o ex-governador Beto Richa consiga provar sua inocência”, diz a nota distribuída à imprensa.

Entre os tucanos do Paraná, nenhuma manifestação oficial. Desde que Richa se afastou da presidência da legenda, em dezembro de 2018, o partido está sem comando e com ares de abandono. Durante toda a manhã e começo de tarde desta sexta-feira, por exemplo, ninguém atendeu ao telefone na sede estadual do PSDB.

O silêncio oficial contrasta com as articulações informais que devem ganhar corpo após a segunda prisão de Richa. A eleição para escolha da nova direção do PSDB do Paraná contece em maio e jovens tucanos estão se estruturando há meses para tirar o partido do comando do grupo de antigos aliados do ex-governador. A prisão de Richa na operação Lava Jato é um impulso para essa renovação.

O abandono de antigos aliados não é de agora. Já após a primeira prisão, em setembro de 2018, no âmbito da operação Rádio Patrulha, o ex-governador ficou isolado. Ao ato político que convocou após ser solto da prisão para tentar uma volta triunfal à disputa eleitoral, por exemplo, compareceram pouco mais de 20 prefeitos e poucas lideranças políticas. Durante as eleições, muitos candidatos que tinham material de campanha que os associava à imagem de Richa optaram por não distribuir a propaganda. Àquela altura, o prejuízo financeiro era melhor que o prejuízo político de se declarar aliado do ex-governador.

Outro fato que anunciou o golpe de misericórdia na vida política de Richa foi o modo como ele foi ignorado por Cida Borghetti (PP) e Ratinho Junior (PSD) durante todo período de transição do governo. Pelos discursos oficiais, Beto Richa não existiu; a impressão é de que o governo Cida não teve oito meses, mas oito anos. Os aliados de outrora não fizeram comentários a respeito da gestão de Richa; nem para elogiá-lo, nem para criticá-lo.

Ainda que o futuro do ex-governador seja incerto do ponto de vista jurídico, seu caminho político parece estar definitivamente interrompido.

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