A candidatura de João Arruda (MDB) ao governo do Paraná nasceu de última hora. Após a inopinada desistência de Osmar Dias (PDT), o MDB, que pretendia apoiar o candidato pedetista, optou por lançar candidatura própria no limite do prazo para definição. Com isso, ao contrário de outras campanhas – como a de Ratinho Junior (PSD) – que vinham sendo construídas há bastante tempo, Arruda lançou uma plataforma de governo mais enxuta e estruturada sobre diretrizes, não em propostas pormenorizadas. Ainda assim, do plano de governo de Arruda e de seus discursos e sabatinas durante a campanha é possível conjecturar quais seriam as características do governo emedebista no Paraná.
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MDB velho de guerra…
Arruda é sobrinho do senador Roberto Requião (MDB) e isso explica uma parte de sua retórica e de suas promessas de governo. Ele diz que como governador vai se inspirar nas gestões anteriores do MDB, que com Requião governou o estado pela última vez entre 2003 e 2010. Dessa fonte ele tira ideias como, por exemplo, o congelamento das tarifas água e energia – serviços prestados por estatais paranaenses. No plano de governo, o discurso do MDB também ressoa: “A lógica do Estado é diferente do setor privado. O lucro é o motor do setor privado. Porém, a razão de ser do setor público é atendimento das demandas básicas da população, inclusive com participação privada”, diz o programa.
DESEJOS PARA O PARANÁ: Excelência em áreas essenciais
…Mas nem tanto
Ao mesmo tempo em que mobiliza essa memória emedebista mais ligada ao documento “Esperança e Mudança”, de inspiração nacional-desenvolvimentista, Arruda não rechaça a “Ponte para o Futuro”, carta de princípios mais recente do MDB, mais próxima aos princípios econômicos neoliberais. Enquanto Requião destila críticas a Henrique Meirelles, Arruda faz campanha junto com o presidenciável no Paraná. E o que isso diz sobre um eventual governo de Arruda? Que apesar da herança requianista, ele não deverá, no governo, adotar postura tão intervencionista sobre os negócios no Paraná.
Novos nomes
Após quase oito anos de Beto Richa (PSDB) no comando do estado, muitos nomes ligados ao tucano transitaram entre diversas secretarias do governo. De secretários a comissionados nomeados em cargos mais baixos, o grupo de Richa se estabeleceu nos postos do estado. E boa parte sobreviveu à troca de comando e segue no governo Cida Borghetti. É natural, já que ela era vice-governadora. Portanto, se Cida se reeleger ou se Ratinho Junior (PSD) for o vencedor, é de se esperar que parte desse grupo siga onde está. Já no caso de uma vitória de Arruda, que vem com um forte discurso de oposição, é difícil imaginar que os nomes tenham condições de continuar.
Esta publicação faz parte de uma série de quatro textos que serão publicados no blog apontando quais devem ser as características de um eventual governo dos quatro principais candidatos ao governo do Paraná.
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