Por Giulia Fontes
Não é só no governo federal: a narrativa das “fake news” chegou, também, à Câmara de Vereadores de Curitiba. Na sessão desta segunda-feira (13), o parlamentar Rogério Campos (PSC) classificou dessa forma postagens de sindicatos de servidores municipais que o chamavam de “vendido” por ter votado a favor de um dos projetos da prefeitura de Curitiba. Na tribuna, ele explicou que conseguiu uma liminar na Justiça para que tanto o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) quanto o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) retirassem as publicações das redes sociais.
“Foi uma tremenda maldade, uma falta de respeito com os parlamentares eleitos pela população. Votei com a minha consciência, com o que eu achei que deveria fazer para ajudar a população”, disse o parlamentar, na tribuna. Ele se referia à votação que flexibilizou regras para a contratação de servidores temporários pelo Executivo municipal – medida que, segundo os sindicatos, vai precarizar o serviço público na capital.
O caso poderia ser apenas mais um dos usos da expressão “fake news” se não fosse uma peculiaridade: antes de ser da base de Rafael Greca (DEM) na Câmara, o próprio Campos é sindicalista.
Integrante do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), ele se posicionou contra a prefeitura de Curitiba somente quando uma proposta do Executivo atingiu em cheio suas bases eleitorais. A proposta, que atualmente está sendo discutida na Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, abre portas para que os cobradores sejam extintos do sistema de transporte coletivo de Curitiba. Na ocasião, cobradores fizeram uma manifestação em frente ao legislativo municipal.
“Eu sou sindicalista, mas isso não me dá a liberdade de desrespeitar ninguém. Tive que entrar na Justiça contra essa palhaçada feita contra vereadores que exerceram o seu direito”, justificou.
Outros vereadores apoiaram a atitude de Campos. “Eu também caminho na mesma direção. É uma deslealdade gigantesca por parte dessa gente”, disse Cristiano Santos (PV). Mauro Bobato (Pode), Ezequias Barros (PRP) e Mauro Ignácio (PSB) também se posicionaram a favor do colega.
A reportagem tentou contato com o Sismuc e o Sismmac para que as entidades comentassem a decisão judicial e as declarações dos vereadores, mas não teve sucesso até o fechamento do texto.
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